O Estado do Ceará está em alerta mediante a queda dos níveis de volume dos reservatórios, depois de cinco anos seguidos de seca. Para evitar medidas de racionamento na distribuição de água, a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), segundo o Plano de Segurança Hídrica da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), ampliou a meta de economia de água de 10% para 20%. A nova Tarifa de Contingência passa a vigorar a partir do próximo dia 18 para Fortaleza e do dia 19 para as demais cidades da RMF.

"O esforço do governo é para evitar o racionamento", disse o gerente de Concessão e Regulação da Cagece, João Rodrigues Neto. "O atual cenário de escassas reservas hídricas exige cuidado, uso consciente do que nos resta nos reservatórios". A situação tende a se agravar. O Açude Castanhão, responsável pelo abastecimento da RMF, está com 6,75% de sua capacidade e a cada dia, por consumo e evaporação, registra perda de seu volume, tanto que, na semana passada, usuários de Fortaleza receberam carta da Cagece destacando a necessidade de economia diante de um volume de 7,79%.

Nova tentativa

Mais uma vez os moradores da RMF são chamados ao uso consciente de água. Em dezembro de 2015, o governo lançou a Tarifa de Contingenciamento, com meta de economia de 10% para quem consumia acima de 10 m³ ao mês. Segundo dados da Cagece, a economia entre dezembro de 2015 e agosto passado, em média, foi de apenas 5%. Apesar dessa realidade, João Rodrigues Neto, está na expectativa de que agora a meta ampliada para 20% será alcançada: "Só com o anúncio da ampliação dos índices já houve um aumento para 8% em média da economia".

Quem não cumprir a nova meta terá de pagar uma multa de 120% incidente sobre o valor não reduzido. A cobrança extra é restrita à conta de água e, portanto, não se aplica à tarifa de esgoto. Dentro do Plano de Segurança Hídrica há medidas de responsabilidade da Cagece, segundo a carta enviada aos usuários.

Medidas

A Cagece intensificou a fiscalização para combater os casos de fraudes na rede de distribuição e de perda por vazamentos. Com apoio da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) e da Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra), a Cagece começou a operacionalizar, também, o reúso de água de filtragem no Sistema Gavião.

Depois de tratada, a água usada na limpeza dos filtros da Estação de Tratamento de Água (ETA) do Sistema Gavião será reutilizada com potabilidade. "A economia será de 300 litros por segundo, o consumo de uma cidade de porte médio", disse João Neto. Na obra, foram investidos cerca de R$ 3 milhões.

Para reduzir a transferência de água para o Pecém, será intensificada a perfuração de poços naquela região. Outra ação do Plano de Segurança Hídrica da RMF é o tratamento para uso da água do reservatório Maranguapinho, que será destinada aos moradores de Maranguape. "Dessa forma, vamos reduzir o consumo de água oriunda do Castanhão", frisou.

´Todos pela Água´

A Cagece lançou a campanha ´Todos pela água´ como forma de engajar a população em uma ampla mobilização por uso consciente do recurso hídrico. O esforço é para evitar a adoção de racionamento, mas há quem critique a demora na aplicação das medidas. O agrônomo e ambientalista, Paulo Ferreira, disse que muitas dessas ações já deveriam ter sido colocadas em prática: "O racionamento para a RMF já deveria começar, pois não sabemos se haverá chuvas em fevereiro e março de 2017 suficientes para recarga dos reservatórios, com risco grave de colapso".

A chegada das águas do Rio São Francisco foi adiada para maio de 2017 por atraso nas obras de transposição. Neste mês, o governo começou a operação de esvaziamento do Açude Orós, liberando inicialmente, 9 m³/s para a calha do Rio Jaguaribe. A ideia é que o recurso hídrico chegue ao Açude Castanhão. A partir da próxima semana a descarga será elevada para 16m3/s. Os moradores da Bacia do Orós reclamam medidas compensatórias.         (Diário do Nordeste)

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