Uma longa fila de clientes se formou do lado de fora da
agência do Itaú localizada na Rua Major Facundo,
no Centro da Capital. FOTO: Natinho Rodrigues
Começou ontem a greve dos bancários no Estado, que foi decretada por tempo indeterminado em assembleia realizada na última quinta-feira (1º), na sede do Sindicato dos Bancários do Estado do Ceará (Seeb-CE). Um total de 214 das 559 das agências bancárias (38,2%) e unidades de atendimento do Estado tiveram suas atividades paralisadas no primeiro dia, segundo a entidade. O número subiu 24,4% em relação à quantidade registrada no dia inicial de mobilizações do ano passado (172).

Em todo o País, foram 7.359 agências e unidades de atendimento fechadas ontem, conforme balanço da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf). "Esse foi o maior primeiro dia de greve da história", comemora o presidente do Seeb-CE, Carlos Eduardo Bezerra.

Segundo Bezerra, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) convocou uma nova reunião de negociações com o Comando Nacional dos Bancários para a próxima sexta-feira, às 11h, em São Paulo. "As nossas reivindicações já estão bem claras. Agora, nós queremos uma proposta descente dos bancos", defende ele. A depender da proposta apresentada pelos bancos, a greve irá se encerrar ou prosseguir nesse dia.

A última delas foi apresentada pela Fenaban no último dia 29 de agosto e inclui reajuste de 6,5% nos salários e benefícios, mais abono de R$ 3 mil; auxílio-alimentação de R$ 523,48;13ª cesta alimentação no mesmo valor; além de auxílio refeição de R$ 694,54.

Os bancários, entretanto, tem pautas como reajuste salarial de 9,57% (projeção da inflação dos últimos 12 meses) mais 5% de aumento real; vales alimentação e refeição no valor de R$880,00 ao mês cada um; e 13ª cesta e auxílio-creche/babá com o mesmo valor.

Dificuldades

O dia de ontem foi de dificuldades para quem dependeu de serviços realizados por bancários ou teve de lidar com limitações de caixas eletrônicos e meios digitais para operações bancárias. Segundo o Seeb-CE, cerca de 80% das unidades de Fortaleza foram fechadas. Somente no Centro, a adesão à greve foi de 100%, aponta a entidade.

Na agência do Itaú, na Rua Major Facundo, uma longa fila se formou na entrada, com pessoas que buscavam sacar dinheiro de benefícios do INSS sem cartão. Pela manhã, a agência tinha dois, de cerca de 12 caixas, funcionando, apenas para casos "excepcionais", relacionados a benefícios do INSS, segundo o diretor executivo do Seeb-CE, Ribamar Pacheco.

O aposentado Marcelo Pinheiro, 66, foi ontem à agência do Banco do Brasil que fica em frente à Praça do Carmo, na Av. Duque de Caxias, e foi surpreendido. Não teve como sacar a quantidade de que precisava por conta do limite para ele no caixa eletrônico (R$ 1.600). "Eu não estava sabendo da greve. Eu vim sacar R$ 5 mil para pagar uma multa e não pude. Vou ter que arrumar o dinheiro emprestado", disse.

A aposentada Nilce Martins, 66, saiu de Pentecoste e percorreu cerca de 90 km até chegar à agência da Caixa Econômica Federal, na Rua Floriano Peixoto, em Fortaleza. "A minha agência é aqui e lá só tem casa lotérica", disse. Ela precisava fazer prova de vida, mas até as 10h40min não conseguiu resolver o problema. Alguns funcionários já em greve decidiram ajudá-la, mas ela ainda esperaria por mais uma hora até ser atendida.

Pouco impacto

Apesar dos transtornos, o assessor jurídico da Associação dos Bancos do Estado do Ceará (Abance), Lúcio Paiva, defende que a população não deve ser muito impactada pela greve. "As empresas hoje, fazem tudo pela internet, como débitos e transferências. Tudo funciona maravilhosamente bem. E os caixas eletrônicos todos estão funcionando normalmente", ressaltou.       (Diário do Nordeste)

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