Maciel, de 36 anos, trabalha há 8 anos entregando panfletos. FOTO: Felipe Azevedo - Site Miséria
Quem costuma passar pelo semáforo do cruzamento das avenidas Padre Cícero com Castelo Branco, em Juazeiro do Norte, provavelmente já encontrou um rapaz cheio de papel na mão, com o braço estendido esperando que o vidro abaixe. O nome dele é Maciel, de 36 anos, e há 8 trabalha por ali entregando panfletos.

Mas ele não é um entregador comum. Maciel faz de seu ofício aparentemente tão simples, um negócio cuja organização e visão de mercado tornam o seu trabalho diferenciado. Carrega numa sacola panfletos de até seis empresas diferentes, entrega todos de uma vez de forma organizada, de acordo com o perfil de quem irá receber. 

Para os mais velhos uma propaganda de plano de saúde, por exemplo. Já para as mulheres, clínica de estética. Se no carro estiverem pais e filhos, opta por divulgar um cursinho pré-vestibular. 

"Ninguém manda em mim", ele diz orgulhoso por não ter patrão. Maciel prefere a informalidade e não pensa em abrir CNPJ como autônomo. Cobra por unidade de panfleto distribuído e não negocia mais desconto: "independente da quantidade, mantenho um preço fixo", diz ele. 


O rapaz que mora com a mãe e irmãos nunca frequentou a escola. O pouco que sabe ler aprendeu nas aulas com a irmã quando era criança, e manteve a prática lendo os folhetos que distribui. Pra entender o está escrito nos papéis que carrega todos os dias, Maciel "junta as letras e lê". 

O serviço é completo: durante os 30 segundos que o sinal se mantém fechado, ele apressa o passo, percorre cerca de dez carros e, em cada um, explica ao motorista do que se trata a propaganda, "promoção de colchão pra senhora", e após isso entrega o folheto. 

O modo de trabalho que adotou durante quase uma década, fez dele o "rei dos panfletos", como gosta de ser chamado. Posição que, segundo ele, o faz rejeitar parcerias com algumas empresas que querem pagar pouco. 

O termômetro digital marcava 36º quando conversamos com Maciel. Entre um sinal vermelho e outro ele diz que não costuma usar protetor solar, não carrega uma garrafa d´água e se locomove pela cidade de carona. "Aqui eu já conheço quase todo mundo que passa, quem sabe quem sou eu, me leva", diz sorridente. Não vê necessidade de profissionalizar de fato o seu trabalho e se contenta com o que ganha. Um exemplo de como o trabalho feito com dedicação e expertise pode se tornar diferente, curioso e efetivo.

Serviço:

Maciel Pereira - 98852-2829                          (Site Miséria)             Cariri

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