A
transferência de um empréstimo de um banco para outro, chamada de
portabilidade, cresceu quase 100% em 2017 comparado ao ano anterior. Segundo
dados do Banco Central (BC), foram feitas 2,1 milhões de portabilidade no ano
passado, alta de 93,7% em relação a 2016. O valor movimentado chegou a R$16,9
bilhões, um aumento de 122,2%.
Neste
ano, nos dados até maio, a portabilidade segue em expansão. Nos cinco meses de
2018, já foram realizadas 1,3 milhão de transferências, com crescimento de
59,5% em relação ao mesmo período de 2017. O volume chegou a R$ 990,5 milhões,
alta de 71% em relação ao período de janeiro a maio do ano passado.
Crédito
consignado
Segundo
o Relatório de Econômica Bancária, divulgado neste mês pelo BC, a maior parte
dos empréstimos transferidos é do tipo crédito consignado, que respondeu por
99,9% dos pedidos de portabilidade e 99,5% do valor portado. Segundo o BC, a
portabilidade do crédito consignado é mais fácil por não ter vinculação com um
carro ou uma casa, por exemplo.
De
acordo com o BC, o valor acumulado (R$16,9 bilhões) dos contratos de consignado
portados em 2017 correspondeu a 10,9% do total de concessões dessa modalidade (R$
155 bilhões). “Apesar do expressivo volume portado, a portabilidade não
consegue alterar o comportamento geral do mercado em relação às taxas
praticadas: a grande maioria das operações de consignado continua ocorrendo
próximo às máximas permitidas em cada convênio”, diz o BC.
A
taxa máxima dos empréstimos para aposentados e pensionistas é definida pelo
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O governo também define as taxas
máxima para servidores públicos federais. Com a redução da taxa básica de juros,
a Selic, atualmente em 6,5% ao ano, essas taxas máximas definidas pelo governo
foram reduzidas.
No
início de 2015, os juros máximos definidos pelo INSS eram de 28,9% ao ano. Essa
taxa subiu para 32% ao ano no final de outubro de 2015, voltou a 28,9% ao ano
no final de março de 2017 e caiu novamente para 28% ao ano em setembro do ano
passado. Nesses mesmos períodos, o teto para servidores públicos federais caiu
de 34,5% ao ano para 29,8% ao ano e 27,6% ao ano.
“A
diminuição da taxa de referência aumentou o espaço para as instituições
melhorarem as condições originais do contrato, uma vez que as taxas de
concessão, usualmente praticadas próximas às taxas máximas regulamentadas,
caíram marginalmente no período”, diz o BC.
Como
fazer portabilidade
Para
fazer a portabilidade, é necessário que o cliente obtenha informações sobre a
sua dívida. As instituições financeiras devem fornecer aos clientes em até um
dia útil, contado a partir da data da solicitação, as informações relativas às
suas operações de crédito: número do contrato; saldo devedor atualizado;
demonstrativo da evolução do saldo devedor; modalidade; taxa de juros anual,
nominal e efetiva; prazo total e remanescente; sistema de pagamento; valor de
cada prestação, especificando o valor do principal e dos encargos; e data do
último vencimento da operação. Caso a instituição não forneça as informações, é
possível recorrer à ouvidoria, e depois ao Procon e ao BC, se o problema não
tiver sido resolvido.
Depois
de ter as informações do empréstimo, o cliente pode pesquisar condições
melhores em outras instituições. O banco escolhido para migrar a dívida quita
antecipadamente o saldo devedor da operação original. Segundo o BC, os custos
relacionados à transferência de recursos para a quitação da operação não podem
ser repassados ao cliente.
No
caso de portabilidade de crédito de pessoas físicas, o valor e o prazo da nova
operação não podem ser superiores ao saldo devedor e ao prazo remanescente da
operação original a ser liquidada.
A
instituição financeira credora original tem até cinco dias para renegociar com
seu cliente ou enviar as informações necessárias ao banco proponente do novo
crédito para a finalização do pedido de portabilidade. Caso o cliente desista
da portabilidade, ele deve formalizar a desistência com a instituição credora
original que comunicará ao banco proponente do novo crédito.
O
BC orienta ainda que antes de realizar a portabilidade, no processo de
negociação da operação com a instituição proponente do novo crédito, é
importante que o cliente solicite o valor do Custo Efetivo Total (CET) da nova
operação, que é a forma mais fácil de comparar os valores dos encargos e
despesas cobrados pelas instituições.
No
site do BC é possível conferir uma série de perguntas e respostas sobre a portabilidade de
crédito: http://www.bcb.gov.br/pre/bc_atende/port/portabilidade.asp (Agência
Brasil)

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