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| FOTO: Agência Brasil |
Estão
na lista de maior risco para pólio municípios que não conseguiram atingir nem
50% da cobertura vacinal. “Uma cidade com esses indicadores têm todas as
condições de voltar a transmitir a doença em nosso País. Será um desastre para
a saúde como um todo.” O último caso registrado no Brasil foi em 1990. Quatro
anos depois, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a doença erradicada
das Américas.
A
recomendação é de que a cobertura vacinal contra pólio seja superior a 95%. A
situação mais grave é na Bahia, onde 15% dos municípios imunizaram menos do que
50% das crianças, seguido do Maranhão, com 14,29%. Em todo o País, apenas
Rondônia, Espírito Santo e Distrito Federal não têm cidades sob risco elevado.
O
quadro geral é muito preocupante. Pelos dados do Ministério da Saúde, no ano passado
22 unidades da federação não atingiram a cobertura considerada ideal. Também em
2017 pelo menos 800 mil crianças estavam sem o esquema completo de vacinação –
que compreende três doses do imunizante.
“Acendemos
a luz vermelha”, resumiu Carla. A preocupação ganha corpo sobretudo em um
momento em que voltou a ser discutida a entrada do poliovírus derivado. Na
Venezuela, autoridades sanitárias cogitaram a possibilidade de que uma menina
teria sido contaminada por essa mutação do vírus.
Quando
a vacina em gotas é dada para a criança, o vírus atenuado contido no imunizante
pode ficar presente no ambiente por quatro a seis semanas, criando o que se
chama de efeito rebanho. De quebra, a população que tem contato com o vírus
atenuado também fica protegida contra a doença.
O
problema é que nesse período, em raríssimas ocasiões, o poliovírus pode ter
contato com outros vírus, como o rotavírus, sofrer uma mutação e, com isso,
criar uma nova onda de infecções. Essa hipótese foi descartada no caso da
criança venezuelana, mas a preocupação persiste.
A
presidente da Sociedade Brasileira de Imunização, Isabella Ballalai, observa
que o risco aumenta nos casos em que a cobertura vacinal é menor. “Daí a
necessidade de a imunização ser, sempre, mantida em 95%.”
Isabella
classificou o indicador brasileiro como “inacreditável e inadmissível”. Carla
observa que a queda mais expressiva ocorreu nos últimos dois anos. Para tentar
reduzir o risco, o Ministério da Saúde deverá fazer entre os dias 6 e 31 de
agosto uma campanha nacional de vacinação contra pólio.
Outras
doenças. Carla reforça ainda que as taxas de cobertura vacinal no País caíram
de forma expressiva. “Parece que estamos retomando à década de 80 com as
cobertura vacinais.” Como exemplo, ela citou as vacinas tríplice viral
(sarampo, rubéola e caxumba), pentavalente (difteria, tétano, coqueluche,
meningite por Haemophilus influenzae tipo b e poliomielite) e pneumococo. “Não
houve desabastecimento em nenhum desses casos”, observou.
Para
ela, os indicadores mostram a necessidade de se refletir sobre o que está sendo
feito na ponta da assistência. Ela observa que o programa de imunização oferta
14 vacinas. “É preciso ter simultaneidade. Montar um calendário de forma a
ofertar, numa só visita ao posto, mais de um imunizante.” No esquema ideal,
afirma, os pais levam a criança nove vezes durante o ano ao posto de vacinação.
“Se isso não é feito da forma adequada, esse número aumenta para 10, 11, 12”,
observa.
A
resistência em dar mais de uma vacina no mesmo dia pelos profissionais de saúde
poderia ser resolvida com reforço na capacitação. O mesmo se aplica ao
preenchimento das fichas de vacina. Poucos são os municípios que seguem a
recomendação de fazer registro da vacinação nominal. “As anotações são feitas
apenas por dose. Isso dificulta que seja realizada uma busca das crianças que
estão com calendário atrasado”, diz Carla.
Horários.
Para ela, é preciso também maior racionalidade na forma da oferta da vacina,
como horários mais flexíveis, que se encaixem na rotina de trabalho dos pais.
“Postos funcionam das 8h às 11 e das 14 às 17 horas. Não são todos pais que
podem levar seus filhos nesses horários várias vezes ao ano.”
A
abertura de muitas salas de vacina, por sua vez, seria contraproducente. “É
preciso escala. As doses precisam ser abertas e usadas rapidamente. Caso
contrário, há desperdício.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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