
"Diante
desta realidade lamentável, o Ministério da Saúde Pública (Minasp) de Cuba
tomou a decisão de não continuar participando do programa Mais Médicos e assim
comunicou a diretora da Organização Panamericana da Saúde (OPS) e aos líderes
políticos brasileiros que fundaram e defenderam esta iniciativa", anunciou
a entidade em um comunicado.
Cuba
tomou a decisão de solicitar o retorno dos mais de 11 mil médicos cubanos que
trabalham hoje no Brasil depois que Bolsonaro questionou a preparação dos
especialistas e condicionou a permanência no programa "à revalidação do
diploma", além de ter imposto "como via única a contratação
individual".
O
programa Mais Médicos tem 18.240 vagas em 4.058 municípios, cobrindo 73% das
cidades brasileiras. Quando são abertos chamamentos de médicos para o programa,
a seleção segue uma ordem de preferência: médicos com registro no Brasil
(formados em território nacional ou no exterior, com revalidação do diploma no
País); médicos brasileiros formados no exterior; e médicos estrangeiros
formados fora do Brasil. Após as primeiras chamadas, caso sobrem vagas, os
médicos cubanos são convocados.
"Não
é aceitável que se questione a dignidade, o profissionalismo e o altruísmo dos
colaboradores cubanos que, com o apoio de suas famílias, presta serviços
atualmente em 67 países", declarou o governo.
"As
mudanças anunciadas impõem condições inaceitáveis e violam as garantias
acordadas desde o início do programa, que foram ratificados em 2016 com a
renegociação da cooperação entre a Organização Pan-Americana da Saúde e o
Ministério da Saúde do Brasil e de Cooperação entre a Organização Pan-Americana
da Saúde e o Ministério da Saúde Pública de Cuba. Essas condições inadmissíveis
impossibilitam a manutenção da presença de profissionais cubanos no
Programa", informou em nota o Ministério da Saúde.
De
acordo com o governo cubano, em cinco anos de trabalho no programa brasileiro,
cerca de 20 mil médicos atenderam a 113.539 milhões de pacientes em mais de 3,6
mil municípios. "Mais de 700 municípios tiveram um médico pela primeira
vez na história", disse o governo.
Segundo
o governo de Cuba, mais de 20 mil médicos cubanos passaram pelo Brasil e chegaram
a compor 80% do contingente do Mais Médicos, criado no governo Dilma Rousseff.
Cuba
anunciou que manteria o programa depois do impeachment da ex-presidente
petista, apesar de considerar o afastamento um "golpe de
Estado".
(Estadão)
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