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Yuniel Gonzalez casou com a cearense Karoline Alves, com quem teve a pequena Nicole. FOTO: HONÓRIO BARBOSA |
Os
relacionamentos afetivos e a esperança de uma vida financeira mais confortável,
com possibilidade de ajudar a família em Cuba, são os principais motivos de
quem resolveu ficar no Brasil.
Os
profissionais de saúde têm a esperança de serem chamados para ocuparem vagas
ociosas no Programa Mais Médicos e de fazer o exame de revalida para obter o
registro do Conselho Regional de Medicina (CRM), além da cidadania brasileira.
A
expectativa ainda persiste, mas é um fio cada vez mais tênue. "Estou
confuso, desempregado, prestes a passar fome", disse o médico, Yuniel
Reynaldo Gonzalez, 35 anos, que está morando com a família da namorada,
Karoline Alves de Souza, 21 anos, no sítio Santa Rosa, zona rural de Várzea
Alegre. "Não sei como vai ficar a situação, se haverá vagas para os
médicos ainda sem o CRM e quando terá prova do revalida".
O
namoro resultou na gravidez de Karoline Souza. Há dois meses, nasceu Nicole.
Yuniel Gonzalez conheceu a jovem Karoline em uma consulta do Programa Saúde da
Família na localidade de Santa Rosa. Karoline pretende concluir o curso técnico
de enfermagem na cidade de Várzea Alegre. O desemprego do marido e a perda de
renda mensal obrigaram o casal a entregar a casa alugada e passar a morar com o
sogro, agricultor, também de uma família humilde.
Yuniel
Gonzalez recebia do governo cubano R$ 2.975 e mais R$ 3 mil do Município,
contrato de 3 anos. Agora, os médicos cubanos que permaneceram no Brasil estão
desempregados, em crise e sem expectativa, com temor de que o quadro piore.
Gonzalez
revela estar legalizado com visto brasileiro permanente e carteira de trabalho,
mas há outros profissionais em situação irregular. Considerados desertores pelo
país natal, só poderão voltar a Cuba após oito anos.
Incertezas
De
acordo com o Ministério da Saúde, nos dias 18 e 19 ocorre a inscrição no Mais
Médicos para os profissionais estrangeiros formados no exterior. Nos dias 8 e 9
aconteceu a dos que detêm o registro profissional brasileiro. Antes do fim do
programa, 8.335 médicos cubanos estavam no Brasil, de acordo com a OMS, cerca
de 1400 permaneceram.
O
temor dos que aqui ficaram é de que as vagas ociosas sejam preenchidas e, por
isso, o clima é de desespero. Os parentes em Cuba sabem das dificuldades que
eles estão enfrentando no Brasil e assim toda a família fica preocupada. É o
caso de uma médica cubana de 56 anos que chegou a Várzea Alegre em 2013, casou-se
em 2016 e também decidiu ficar. Ela, que preferiu não ser identificada, deixou
uma filha em Cuba. Trabalhou por dois anos em um PSF do distrito de Ibicatu,
deixou muitos amigos e saudades. "Fazia um excelente trabalho, era
atenciosa", disse a dona de casa, Francisca Oliveira.
Agora,
a médica, ao lado do marido brasileiro, vivencia a angústia e o risco de não
ser contratada no Mais Médicos e a indefinição de quando o Governo Federal vai
realizar a prova do revalida. (Diário do Nordeste)
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