Os
óbitos dizem respeito a duas classificações da enfermidade: Doença
Meningocócica (DM), transmitida por bactéria e "outras meningites",
que podem acontecer em decorrência de vírus e fungos. Este último tipo foi
responsável por 13 das mortes em 2018, mas segundo a supervisora do Núcleo de
Vigilância Epidemiológica da Sesa, Sarah Queiroz, a forma mais perigosa da
meningite é a DM. "É uma doença muito grave, tem 40% de letalidade",
constata.
Além
de ser a mais letal, os óbitos por DM foram os que tiveram um salto mais
expressivo. Até o fim de junho do ano passado, três pessoas haviam morrido pela
infecção, enquanto até o mês passado já eram nove mortes. Para Sarah Queiroz,
uma das explicações para o aumento dos casos pode ser a quadra chuvosa de 2019,
que registrou precipitações mais intensas.
"Neste ano o período chuvoso foi muito mais intenso que o do ano passado e isso pode ter contribuído para o aumento dos casos e das mortes. A meningite é uma doença de transmissão aérea e, quando chove, as pessoas tendem a ficar em casa. A bactéria se espalha mais fácil quando tem muitas pessoas respirando o mesmo ar, em um ambiente fechado como uma residência", frisa.
Ainda
assim, ela afirma que o cenário de contaminação está dentro do esperado.
"É uma doença endêmica, que ocorre o ano inteiro de forma uniforme, mas
tem algumas semanas e meses que têm um pico. Está dentro do esperado do nosso
canal endêmico".
Capital
Ainda
conforme o boletim epidemiológico da Sesa, Fortaleza registrou no primeiro
semestre 12 óbitos, o que corresponde a 54,5% do total de ocorrências. Com duas
mortes, Poranga, na Região da Ibiapaba, concentra o segundo menor índice.
Aquiraz, na Região Metropolitana, e os municípios do interior São Luís do Curu,
Baturité, Itatira, Cruz, Guaraciaba do Norte, Brejo Santo e Barbalha, tiveram
apenas um caso cada.
O
documento, porém, não informa a faixa etária e o gênero das pessoas acometidas
por meningite, tornando público apenas o total de mortes no Estado, detalhados
por semana e região. Ainda assim, das mortes notificadas na Capital, apenas a
de uma criança teve o perfil parcialmente divulgado. De acordo com a Secretaria
Municipal da Saúde de Fortaleza (SMS), a vítima cuja identidade não foi
divulgada, faleceu no dia 1° de março, tinha cinco anos e era do sexo
masculino. Os familiares ou conhecidos que tiveram contato com a criança
passaram por quimioprofilaxia, sendo submetidos a doses de antibióticos, a fim
de evitar a proliferação da doença.
Segundo
Sarah Queiroz, manter a caderneta de vacinação em dia é a forma mais eficaz
para a prevenção da doença. "Todo caso de meningite sempre deixa muito
impacto e gera muito tumulto, claro, mas nós continuamos sensibilizando as
famílias e chamando atenção para a necessidade da imunização, que é a maneira
mais eficaz de combater a doença", frisa a supervisora da Sesa.
Imunização
Quatro
tipos de vacinas disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) protegem contra a
meningite, sendo aplicadas logo ao nascer e nos primeiros meses de vida: BCG
(dose única), Pentavalente (1ª dose aos dois meses, 2ª dose aos quatro e a 3ª
aos seis meses); Pneumocócica 10 valente (1ª dose aos dois meses, 2ª aos quatro
meses e reforço com um ano de idade); Meningocócica C (1ª dose aos três meses,
aos cinco meses a 2ª dose e reforço aos 12 meses). Para adolescentes entre 11 a
14 anos, a dose é única. Em âmbito estadual, o Ceará atingiu a meta de
cobertura vacinal para meningite, no ano passado. (Diário do Nordeste)
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