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No perímetro irrigado Jaguaribe - Apodi, os pivôs estão todos danificados e tomados pelo mato. FOTO: HONÓRIO BARBOSA |
O nome "perímetro irrigado" perdeu o sentido, já que não há irrigação nos lotes. Um exemplo vem do Perímetro Icó - Lima Campos, no Centro-Sul cearense. A maioria dos canais, onde deveria ter água, está seca, quebrada e com rachaduras pela ação do tempo. Os lotes estão ociosos. A terra tornou-se árida, culturas se perderam. A produção caiu drasticamente e a renda familiar despencou. Bem diferente da expectativa inicial que previa 10 mil hectares, sendo 2.500 irrigáveis, gerando trabalho e renda para as famílias.
Passado
Os mais idosos lembram do tempo de ampla produção de arroz. "Aqui, já houve muito trabalho e fartura", disse o agricultor José Santana. Passados 46 anos, a realidade é outra. Quase não há produção e o clima é de desânimo. Os colonos não acreditam na volta do período áureo.
O gerente da Associação do Distrito de
Irrigação Icó - Lima Campos (Adicol), Francisco Alexandro Fabrício, confirma
que o perímetro está quase parado. "A produção praticamente zerou por
falta de água. Culturas permanentes como banana e coco limitam-se a uma área
muito reduzida".
Alguns agricultores sobrevivem com
criação reduzida de bovinos de leite e, onde há poços, conseguem manter a área
de capim para alimentar o rebanho. É o caso do criador Luís Custódio. "A
gente vem resistindo com muita dificuldade, só para sobreviver mesmo com a
venda do leite. Outros já abandonaram o trabalho", afirma o criador.
O
servidor do Dnocs, em Icó, Erivan Anastácio de Souza, foi enfático: "Sem
água, não há vida, não há produção, não há trabalho e renda". Ele
reafirmou que a situação dos agricultores é grave. "Sobrevivem de
aposentadoria rural", frisou. O agricultor Luís Costa confirma a situação
difícil: "a nossa salvação é o aposento".
Por conta própria, cerca de 30
produtores ainda conseguem captar água no Rio Salgado. "O Rio ainda está
com um pouco de água e foi a nossa salvação neste ano", explicou Paulo
Lima.
Antes da crise hídrica, alguns
produtores fizeram financiamentos por meio do Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), mas a falta de água gerou
prejuízos e anulou os investimentos. "Perdi toda a área do bananal",
lamenta o produtor José Costa.
Antes da crise hídrica, a irrigação já
estava paralisada há pelo menos 10 anos, por falta de viabilidade financeira do
sistema de bombeamento para os lotes. Houve um projeto de construção de um canal
de transferência de água por gravidade. A obra, orçada em R$ 15 milhões, foi
mal elaborada e mal executada.
Apenas uma chuva, em fevereiro de 2015,
destruiu um longo trecho. A obra continua abandonada e a questão está na
Justiça. Além da infraestrutura danificada, veículos estão sucateados. "A
situação é caótica e de abandono", disse o presidente da Adicol, Francisco
Alexandro. (Diário do
Nordeste)
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