Apesar
de ser uma doença antiga, a hanseníase ainda está presente na atualidade. Nos
últimos quatro anos, foram notificados mais de 8,5 mil casos da doença no
Ceará. Durante esse período, a Região do Cariri registrou a maior proporção de
municípios hiperendêmicos para pessoas na faixa etária de 15 a 29 anos. Crato,
Juazeiro do Norte e Barbalha declaram-se sensíveis para combater a doença,
especialmente na tentativa de evitar o diagnóstico tardio da hanseníase. Médico
consultado pelo Jornal do Cariri explica que a doença tem prognóstico de cura
diretamente proporcional ao tempo de evolução da enfermidade. O processo
terapêutico com a possibilidade de cura tem duração variável de seis a 12
meses.
As
gestões municipais entendem que quanto mais cedo o diagnóstico, mais fácil será
o tratamento, assim como a cura, e investem para a descoberta precoce da
doença. Trinta pessoas estão em tratamento em Crato. Juazeiro do Norte
registrou 138 casos da hanseníase em 2018 e 39 no período entre janeiro a junho
de 2019. São quatro registros em Barbalha no mesmo período. Tanto o diagnóstico
quanto o tratamento são feitos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). “Temos profissionais
da Atenção Básica que estão preparados para fazer o diagnóstico e iniciar o
tratamento. O Ministério da Saúde fornece a medicação, que não se compra em
farmácias. Toda a parte de exames e avaliação também é feita na rede
municipal”, detalha a coordenadora da Vigilância em Saúde (VS) de Barbalha,
Nayara Rodrigues.
A
coordenadora da VS em Crato, Arlene Sampaio, relembra que a hanseníase ainda
está envolta de preconceito, situação apontada como uma das causas para o
diagnóstico tardio. “É importante que os profissionais da saúde e a população
se mantenham vigilantes. Nas unidades, eles estão preparados, há coleta de
material para exame em laboratório e é importante que a população procure a
unidade de saúde mais próxima para que o diagnóstico seja realizado em tempo
oportuno e o tratamento iniciado o mais breve possível”, diz Arlene.
Comprometimento
De
acordo com o médico Arthur de Carvalho Siebra, que atua pelo Programa Mais
Médicos em Farias Brito, a hanseníase é uma doença infecciosa que evolui com
comprometimento predominante de pele e nervos periféricos. “Quanto mais precoce
o diagnóstico e início do tratamento, menor a chance de o paciente ser
acometido por sequelas e melhor o prognóstico”, pondera. O profissional relata
que os pacientes procuram tratamento quando os sintomas já estão presentes há
pelo menos seis meses.
“Em
minha prática clínica, a maior parte dos pacientes inicia o tratamento antes do
desenvolvimento de sequelas, embora ainda haja casos de mão em garra, mal
perfurante plantar [ulceração em áreas onde há redução da sensibilidade
protetora dos pés], pé caído, bem como de outras sequelas, já presentes à época
do diagnóstico”, conclui o médico.
(Fonte:
Jornal do Cariri)
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