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FOTO: HERMANN RABELO |
Neste mês, o açude atingiu o segundo
pior volume hídrico (4,48%) para setembro desde sua construção - que durou
quase oito anos - ficando à frente apenas de setembro de 2017, quando a
Companhia de Gestão dos Recursos Híricos (Cogerh) registrara 4,34% de sua
capacidade máxima.
O baixo volume de água do reservatório
decorre do reduzido aporte verificado na quadra chuvosa deste ano, na Bacia do
Salgado, que garantiu valor ínfimo ao gigante. Nesta quadra, o Castanhão teve
ganho de apenas 5% de seu volume.
No ano passado, mesmo com menos
pluviometria registrada pela Funceme, foram 8% de recarga hídrica conquistados
ao longo do período de chuvas. A explicação para este cenário contrastante
reside na irregularidade das chuvas. Apesar de, em 2019, ter chovido acima da
média histórica, a pluviometria não foi uniforme, isto é, algumas bacias
tiveram bons volumes enquanto outras - como a do Salgado - amargaram poucas
precipitações.
Impactos
Até o ano passado, o Castanhão
assegurava o fornecimento do recurso hídrico através do Eixão das Águas para a
RMF, incluindo o consumo do Porto do Pecém, em São Gonçalo do Amarante, e para
mais dez cidades do Médio e Baixo Jaguaribe. Entretanto, neste ano, o quadro se
modificou. A RMF parou de ser abastecida pelo Castanhão, e cidades do Médio e
Baixo Jaguaribe, que dependem da transferência de água, já se veem ameaçadas.
Para a Grande Fortaleza, os efeitos, num primeiro momento, não serão tão
graves, isso porque a Bacia Metropolitana recebeu boa recarga e, hoje, acumula
mais de 53% do volume total.
O diretor de Operações da Companhia de
Água e Esgoto do Ceará (Cagece) para o Interior, Hélder Cortez, confirmou que a
interrupção no fornecimento de água do Castanhão para a RMF não afetará a
população. "Temos bastante água nos açudes Pacoti, Riachão, Gavião e em
outros reservatórios da região. Essa reserva é suficiente para atender à
demanda até junho de 2020", pontuou.
Cortez ressalta, contudo, ser vital uma
boa recarga nos grandes açudes na próxima quadra chuvosa para que o cenário não
se torne delicado. Para além da incógnita, os cearenses se apegam à conclusão
do Projeto de Integração do Rio São Francisco (Psif). Após sete prazos não
cumpridos, a expectativa, agora, é de que as águas do Velho Chico cheguem ao
Castanhão no primeiro trimestre de 2020. Quando concretizada, a Transposição
dará segurança hídrica a 12 milhões de nordestinos.
Além
da suspensão no abastecimento da RMF, houve redução também no quantitativo de
municípios atendidos pelo Castanhão. Atualmente, apenas cinco recebem água do
reservatório: Tabuleiro do Norte, São João do Jaguaribe, Limoeiro do Norte,
Jaguaribara e Russas. Essas cidades têm vazão garantida até 1º de fevereiro do
próximo ano.
O gerente da Bacia do Médio e Baixo
Jaguaribe, Hermilson Barros, frisou que há um esforço para que a água liberada
pelo Castanhão chegue também até o Rio Sucurujuba, em Quixeré, o que
beneficiaria a população daquela cidade. Segundo estimativa da Cogerh, mantida
a liberação para estas localidades, o Açude deverá iniciar a próxima quadra
chuvosa (fevereiro) com 2,5% de sua capacidade. Em igual período deste ano, o
reservatório tinha 3,75%.
Alternativas
As cidades de Aracati, Fortim, Itaiçaba,
Palhano, Russas e Quixeré, que antes dependiam de liberação de água do
Castanhão agora são abastecidas por poços profundos. Essa alternativa de
abastecimento, segundo Hélder Cortez, garante autonomia hídrica para estes
municípios por mais três anos. Outras cidades da região, como Iracema e
Potiretama, estão sendo abastecidas pelos açudes Canafístula e Figueiredo,
respectivamente. "O volume de água acumulado nesses açudes é suficiente
apenas até o início da próxima quadra", detalhou Cortez.
Já para os projetos de irrigação,
Tabuleiro de Russas e Jaguaribe/Apodi estão recebendo cota mínima (1,2 m³/s)
para manter a produção de grãos e fruticultura. A vazão é suficiente apenas
para que não ocorra perda total na atividade. Em Jaguaribara, por exemplo, a
piscicultura não resistiu ao baixo volume do Açude e chegou ao fim após
sucessivas e robustas mortandades de peixes, deixando centenas de desempregados
e um rombo na economia da cidade. (Diário do Nordeste)
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