Romaria da Santa Cruz do Deserto no Caldeirão celebra sua 20º edição

FOTO: Mychelle Santos

O Sol causticante do mês de setembro e a temperatura de quase quarenta graus não impediu que uma multidão de pessoas se aglomerasse ao redor da pequena capela localizada na Comunidade do Caldeirão, zona rural de Crato, para celebrarem a santa missa, na manhã deste domingo, o 25º do Tempo Comum.

São romeiros, agricultores, sindicalistas, membros de movimentos e pastorais sociais, religiosas e leigos, que se reúnem ao redor da Mesa da Palavra para renovar as experiências fortalecer o desejo de uma vida digna para todos. A Santa Missa campal foi presidida pelo Padre José Ricardo e concelebrada pelos padres Vileci Vidal e José Eliomar.

A temática “Caldeirão da Santa Cruz e as Políticas Públicas” está em sintonia com a Campanha da Fraternidade deste ano.

Um caminho de lutas

No ano de 1999, um pequeno grupo saiu em peregrinação em um percurso de cerca de 4 km de chão batido até a comunidade do Caldeirão, recordando a vida e história de luta de um beato que lutou bravamente por uma sociedade justiça e igualitária. Vinte anos depois, a memória do Beato José Lourenço continua a reunir um povo que, em comunhão fraterna, soma forças na defesa de seus direitos.

Foi movido por este desejo que a Rede de Juventude do Ceará, com representações de jovens de oito dioceses do estado, que vivenciaram três dias de espiritualidade em um encontro realizado no Assentamento 10 de Abril, culminando com a 20ª Romaria da Santa Cruz do Deserto no Caldeirão.

“É um momento de organização, de luta, da representatividade da juventude e da vivência comunitária, que é tão importante para nós. O que nos motiva estar aqui são as lutas das Comunidades Eclesiais de Base (CEB’S), essa crença no Cristo Libertador, que vem trazer vida para todos, e em abundância, uma sociedade igualitária, sem violência e preconceito”, disse o articulador da Rede de Juventude, Francisco Marcelo.

Lugar de fé e trabalho

Em sintonia com a história da comunidade, as leituras proclamadas neste domingo falam do “uso dos bens em favor da fraternidade”, exortou o padre Vileci, durante homilia. “Se faz necessário mergulhar na oração, em busca da paz, do reconhecimento e da dignidade humana. Ai está também a história do Caldeirão, um lugar que dá resposta a palavra de Deus, fazendo com que os bens pudessem servir a comunidade, em verdadeira fraternidade”, disse.

Com o lema “Oração e trabalho”, a comunidade do Caldeirão buscava, além do alimento do corpo, saciar-se espiritualmente. “Todas as noites, os moradores se reuniam na capela para as novenas, as renovações, os ofícios da santa cruz e as pregações feitas pelo Beato José Lourenço, segundo os exemplos do Padre Cícero”, contou o padre Vileci.                     Texto e Imagens: Mychelle Santos (Colaboradora)