FOTO: Camila Lima |
Somente
neste ano, de janeiro a agosto, 41 voos partiram de solo cearense, enquanto 18
tiveram o Estado como destino, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Em
2018, foram 65 envios e 27 recebimentos. Em todo o País, 6,7 mil itens foram
transportados em 2018, entre órgãos, tecidos, materiais e equipes médicas,
todos de forma gratuita.
A
coordenadora da Central de Transplantes do Ceará, Eliana Régia, explica que
muitos procedimentos cirúrgicos realizados no Estado têm a eficácia associada
ao transporte de material. Até 30 de outubro, 1.271 transplantes foram feitos,
com destaque para rins (219) e fígado (173). "Quando há um órgão
disponível, a prioridade é do Estado de origem. Se, por algum motivo, não
houver um receptor compatível com o órgão doado, deve-se comunicar à Central
Nacional de Transplantes (CNT), que vai repassar a outros estados", diz.
Proximidade
A
ordem segue um critério de viabilidade. Os primeiros estados procurados para
receber os órgãos e tecidos estão localizados na mesma região do local de
origem. Caso não haja receptor compatível, a lista é ampliada para unidades
mais distantes. Por conta disso, segundo Eliana Régia, os órgãos e tecidos que
vêm para o Ceará, em grande parte, são de estados nordestinos. Vale ressaltar
que, em caso de urgência, o transporte é tratado como prioritário em qualquer
estado do País.
Foi
o caso da doméstica Elizandra Barbosa, de 40 anos. Por conta de uma hepatite
aguda grave, a cearense, do município de Ibiapina, na Serra da Ibiapaba,
precisou se submeter a um transplante de fígado. O órgão veio do município de
Petrolina, no Estado de Pernambuco. Ela não soube a identidade da sua
salvadora, mas disse que o médico confirmou se tratar de uma mulher, e que o
órgão estava em perfeito estado.
Elizandra
foi internada em junho, sem conhecimento sobre o real problema. "Em junho,
fui para o hospital em Sobral (região Norte do Ceará), pois estava sentindo
muitas dores, desde março. No dia 18, entrei em coma induzido. Quando acordei,
já estava transplantada", afirma.
Quatro
dias se passaram entre o coma induzido de Elizandra e o procedimento cirúrgico,
no dia 22 de junho. O intervalo de tempo permitiu à doméstica ser transferida
para o Hospital Geral de Fortaleza (HGF), na capital cearense, onde recebeu o
transplante. "Não sabia que precisava ser transplantada, só fui saber
depois, quando acordei. Aí me disseram que era por conta de uma hepatite".
Pós-transplante
A
doméstica conta que, após o transplante, precisou passar por mais dois
procedimentos cirúrgicos por conta de um problema nas vias biliares. Segundo a
paciente, o médico que a operou disse que o tipo de cirurgia é comum em
recém-transplantados.
Elizandra
só voltou para casa no dia 22 de outubro, após quatro meses do procedimento
cirúrgico. Ela conta que ainda não conseguiu voltar a exercer a profissão,
tampouco atividades cotidianas normais. Mesmo assim, ela não perde a esperança
de voltar à rotina quando a poeira baixar. "Eles (médicos) sempre falam
que a vida da gente vai voltar ao normal. Eu espero que dê tudo certo. Acho que
vou conseguir", fala.
A
coordenadora da Central de Transplantes, Eliana Régia, explica que a CNT possui
uma metodologia para o transporte de órgãos e tecidos de acordo com o
procedimento. "O Ministério da Saúde tem um termo de cooperação técnica
com as empresas aéreas, para levar órgãos de um estado para outro. Há situações
em que se necessita de uma aeronave mais rápida, devido à logística, como o
tempo de isquemia de cada órgão, que pode ser de 4 a 6 horas, como coração e
pulmão, por exemplo. Nessas situações se buscam aeronaves da Força Aérea
Brasileira (FAB)", completa.
Mesmo
com o suporte de outros estados, Eliana garante que a maioria dos transplantes
realizados no Ceará são feitos com órgãos doados aqui mesmo, pelo alto número
de doações. (Diário do Nordeste)
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