Para obedecer às determinações de isolamento social e higienização da OMS (Organização Mundial da Saúde) e o decreto do Governo do Ceará, por conta do novo Covid-19, produtores rurais e técnicos da Ematerce se mobilizam para continuar comercializando seus produtos e manter os alimentos chegando às casas de todos os clientes. Como as feiras e comércios estão paralisados momentaneamente, até o risco de contágio do vírus não existir mais, os agricultores precisaram reverter o problema urgente. 

A alternativa encontrada foi realizar a entrega da feira na casa do cliente, através de chamadas via aplicativo de mensagem de celular, onde a pessoa diz o que está precisando e todos os detalhes como valores, produtos e endereço da entrega da mercadoria são acertados diretamente com o produtor rural. 

No caso da Feira de Produtos da Agricultura Familiar (Fepaf), no município do Crato, o gerente local da Ematerce Antônio Porto organizou o grupo junto com a produtora Edna Pereira e desde então as entregas de milho, fava, feijão, andu, acerola, couve, rúcula, alface, cenoura, macaxeira, batata doce, peixe tilápia são todas feitas pelo aplicativo de telefone WhatsApp. A feira de produtos orgânicos acontecia três vezes por semana no Centro do Crato. 

Segundo Antônio Porto, a única diferença agora é o contato que é evitado por determinação dos médicos. Mas a qualidade do produto, a variedade, continuam as mesmas do que já eram encontradas na feira tradicional. “O importante é que conseguimos fazer essa readaptação muito rápida para não perder o excedente da produção e manter o abastecimento das famílias”, explica Porto. 

Iniciativa 
A ideia do uso do Whatsap, segundo o gerente da Ematerce Antonio Porto, surgiu da necessidade de reunir os produtores de maneira rápida, manter a venda da produção e os clientes na quarentena em casa. “O segundo passo foi cadastrar os clientes que cada feirante e coordenadores tinham contatos e a mensagem foi enviada com todos os produtos que dispúnhamos. A primeira entrega ocorreu no último dia 4 de abril (sábado) e, paralelamente, fizemos uma reunião e uma reportagem com a TV, no sítio corujas. A Ater teve que adaptar-se rapidamente aos novos anseios manifestados pelos agricultores, de um lado, que estavam prestes a perder seus produtos e do outro lado, os clientes, que necessitavam de um trabalho diferenciado, visto que o isolamento social batia em suas portas”, conta Antônio Porto. 

Na primeira feira, houve um atendimento a aproximadamente 80 clientes, com entrega de hortícolas, bolos, sequilhos, banana, feijão e milho verdes, pamonhas, ovos caipira e de codorna, codorna abatida, galinha caipira, leite, macaxeira, peixes do tipo tilápias (Projeto Fedaf – Fundo Estadual de Desenvolvimento da Agricultura Familiar) com uso de energia solar e reúso de águas. Quanto aos valores remuneratórios aos feirantes, houve uma renda média de R$400,00 reais por cada participante. 

“Vale ressaltar que nem todos os agricultores estavam aptos a esta nova metodologia: ora por falta de alguns produtos, ora por adequação ao novo sistema, que é muito novo para alguns. Atualmente, há a participação de 12 feirantes, de um total de 21 existentes, somando-se os agricultores participantes. Para a segunda entrega que ocorrerá dia 08 de abril, quarta-feira, foram adicionados novos clientes e os agricultores estão esperançosos de um incremento de renda maior, considerando o resultado positivo da primeira edição”, comemora Porto. 

Mobilização 
Como a ida às feiras, uma das mais tradicionais rotinas de quem mora no interior do estado, está afetada pela crise do novo Corona Vírus 19, produtores rurais e técnicos da Ematerce encontraram nessa alternativa, a forma ideal, mais rápida e eficiente para continuar vendendo e garantindo renda nesse momento de crise e, ao mesmo tempo, manter a clientela com os produtos na mesa. 

Para o produtor Edmar Muniz, do Sítio Coruja, zona rural do município do Crato, a entrega em domicílio tem tido um resultado muito bom. “Até a tilápia tô vendendo também. Diminuiu um pouco, mas as vendas estão sendo muito boas”, disse o agricultor. 

Nesta segunda-feira (6), diretores da Ematerce e técnicos já reuniram-se, por vídeo conferencia, para discutir saídas para contornar a crise e manter a produção dos agricultores familiares com destino garantido, já que os comerciantes não podem abrir os estabelecimentos normalmente e as feiras também estão impedidas de acontecer para evitar aglomerações e o risco de contaminação do vírus. 

Além disso, de acordo com o presidente da Ematerce Antônio Amorim, o objetivo é manter o serviço de Ater (Assistência Técnica e Extensão Rural), mesmo através de atendimento online, para que esse serviço essencial de produção de alimento, não seja afetado nem sofra descontinuidade para a população. 

Comunicação 
Uma das maiores carências agora, segundo o diretor técnico Itamar Lemos, é manter o serviço funcionando para o agricultor, sem adicionais de custos por conta da grande crise que o estado vai atravessar na área de saúde pública, e atendê-lo em todas as demandas, do crédito à assistência técnica, documentação, 

“Vamos utilizar todos os nossos canais como o site, página oficial do Facebook, sala de bate papo no site; pensamos num canal de telefone direto para o produtor deixar sua dúvida, tudo para que o que agricultor permaneça assistido nesse momento difícil”, explica Itamar Lemos.

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