FOTO: Kid Júnior |
Isso se dá, segundo o especialista, pela característica da composição da economia cearense - mais dependente do comércio, que foi profundamente impactado pelas medidas para conter o avanço da pandemia. "Aproximadamente 75% do PIB do Estado é composto de comércio e serviço. Então, se você teve uma queda considerável no ICMS, esperamos uma queda significativa também no PIB", explica Ricardo Coimbra.
A retomada, ainda que gradual da atividade econômica do Estado, a partir de segunda-feira (1), pode ajudar a refrear o aumento dessas perdas. Segundo Coimbra, junho deve ser visto como um mês de transição nas contas públicas.
"Em janeiro, fevereiro e até começo de março, era possível observar uma boa recuperação, com números positivos. Na sequência temos aproximadamente três meses negativos e, encerrando o semestre, junho, que talvez venha com alguma recuperação".
O desempenho da arrecadação estadual em abril e maio será determinante para definir o tamanho a queda do PIB do Estado, segundo Ricardo, mas ele estima que o tombo da atividade econômica cearense fique entre 4,5% e 5%, no primeiro semestre.
Previsão
Os primeiros sinais aparentes de retomada econômica devem ser observados nos meses seguintes, após o período de transição. "Devemos ver um reflexo mais forte em julho e agosto, quando você vai ter maior volume das atividades e é provável que as empresas voltem a contratar, já que em junho as operações retornarão com percentual reduzido", avalia Coimbra.
O retorno da atividade industrial não essencial é vista, pelo especialista, como fundamental na engrenagem econômica do Ceará. "A indústria teve alguns setores que se mantiveram, como alimentos e bebidas, mas outros foram muito prejudicados, como é o caso da indústria de confecções, calçados e construção civil, que geram muitos empregos", aponta Coimbra.
Em uma perspectiva nacional, ele acredita que o segundo trimestre seja o pior dos quatro períodos do ano. Coimbra prevê que o terceiro trimestre seja de transição e que no último já traga um pouco mais de respiro para a economia, mas não o suficiente para conter o tombo.
Comparação
Divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a queda de 1,5% do PIB nacional no primeiro trimestre, foi semelhante à verificada em outros países da América, onde o vírus se disseminou em momento posterior ao verificado na Ásia e Europa.
Há dois fatores, no entanto, que levam a previsões de que o País terá um dos piores desempenhos entre as principais economias mundiais neste e no próximo ano, com risco de retroceder aos níveis de 2010: o fato de o País vir de um período marcado pela pior recessão de sua história e da expectativa de que tenha forte queda do PIB neste ano, seguida por uma fraca recuperação nos anos seguintes. (Diário do Nordeste)
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