![]() |
FOTO: Ana Nascimento |
As duas ocorrências, em Juazeiro e Recife, reforçam as suspeitas de transmissão vertical, quando o novo coronavírus pode passar da mãe para o bebê ainda no útero. Contudo, ainda não há comprovação científica de que isso realmente possa se configurar, já que o vírus não foi detectado em amostras de leite materno ou em líquido amniótico. Um artigo científico escrito por pesquisadores de uma universidade francesa afirma ser possível a transmissão de mãe para filho. De acordo com a médica pediatra Brena Tavares, a comprovação poderá ser feita a partir da análise simultânea da placenta do filho recém- -nascido e da mãe ainda no trabalho de parto. “[O caso] surpreende porque precisamos saber se na autópsia foi encontrado o vírus da covid-19 na parte da placenta materna e também na placenta do feto”, esclarece.
Ainda segundo a médica, a confirmação do vírus nas duas placentas “praticamente vai caracterizar uma transmissão vertical, fazendo com que fiquemos ainda mais em alerta”. Por outro lado, ela ainda lança luzes sobre outros fatores que podem ter contribuído para a morte do bebê em Juazeiro do Norte: “O que às vezes acontece é que a própria condição de uma mãe que está com a covid-19, dependendo das comorbidades, como estamos vendo que todo paciente reage diferente à covid-19, pode interferir, sim, na saúde do feto, mas não é uma relação causa e efeito”, conta.
Apesar de não necessariamente causar pânico, como orienta a médica, a suspeita de que a covid-19 tenha causado a morte da criança ainda no útero, mediante transmissão vertical, deve alertar gestantes. Elas precisam ter os mesmos cuidados, como evitar aglomeração, contato direto com outras pessoas e higienizar as mãos. Por outro lado, devem procurar um (a) médico (a) para fazer o pré-natal e não esperar os sintomas da covid-19 surgir. “Penso que a saúde pública deveria dar mais atenção à saúde materno-infantil como um todo. Deveríamos cuidar mais das nossas grávidas. Tivemos os casos da zyka, as microcefalias. Estamos acompanhando essas crianças até hoje e, infelizmente, com muitas sequelas”, conclui a pediatra Brena Tavares. (Fonte: Jornal do Cariri)
Postar um comentário