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FOTO: KID JUNIOR |
"Eu acho que a relação é principalmente da estrutura informal do nosso mercado de trabalho, com um grande número de trabalhadores por conta própria. Isso mostra a fragilidade e dá uma ideia da dimensão do desafio que vamos ter para a retomada econômica. Isso vai exigir uma série de medidas para reativar a economia", avalia o economista Alex Araújo.
Segundo ele, o desafio no Ceará é ainda maior por conta do perfil econômico do Estado, demorando mais que a média do Brasil para recuperar as perdas neste período da pandemia do novo coronavírus. "Hoje, a economia está muito voltada para os serviços e depende do consumo interno. A permanência do auxílio emergencial por mais dois meses é fundamental", acrescenta.
Araújo diz ainda que a possibilidade de tornar o programa permanente já vinha sendo discutida, mas para ele, são necessárias outras medidas. "Como uma maior integração com o Cadastro Único. Tem que haver também uma contrapartida para a reinserção dessa população no mercado de trabalho. Mas é preciso cuidado com o foco do gasto e pensar em alternativas, como oferta de formação e reintegração ao mercado de trabalho".
O Sudeste foi a região com o maior número de pessoas que recebeu o auxílio, com 36,1%. Em segundo lugar, vem o Nordeste, com 35,7%. Do volume total, 10,9% foram pagos a moradores da região Norte, 10,2% do Sul e 7,1% do Centro-Oeste.
Pobres
Para o professor do Programa de Pós-graduação em Economia Rural da Universidade Federal do Ceará (UFC), Francisco José Tabosa, os volumes pagos no Ceará e no Nordeste estão relativamente de acordo com a parcela de pobres e de extremos pobres nestes locais. "Faz sentido porque no Nordeste temos 40% dos pobres e de extrema pobreza do Brasil. Se você analisar o perfil dos beneficiários do Bolsa Família, são pessoas que estão no perfil dos emergenciais", aponta.
De acordo com ele, o valor pago (R$ 600) é considerável para amenizar a situação precária de grande parte da população. "Não posso afirmar se a distribuição espacial foi 100% correta, mas é razoável. Se formos pegar os pobres e os extremos pobres do Ceará temos um valor um pouco acima de 5%. Por questões de pobreza, o volume está dentro da margem considerável de alocação de recursos", diz. (Diário do Nordeste)
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