O Ceará registrou, no último mês, o terceiro maior número de focos de incêndio desta década para o período, conforme balanço do Mapa de Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), atualizado hoje (1º). Foram 209 queimadas ao longo dos 31 dias do mês passado, o que representa o maior índice desde 2016, quando o Ceará somou 286 registros para o intervalo. 

Nos últimos 10 anos, somente 2016 (286) e 2012 (267) apresentaram maiores registros para o mês de agosto. A quantidade de focos no mês passado representa, também, aumento de 59% em comparação com a média estadual - de 131 incêndios para o mês. 

Ana Larissa, mestranda em Sensoriamento Remoto no Inpe, explica que os dados são captados por um satélite de referência, usado para análises em um longo prazo. “A ação humana faz com que haja a ignição e as condições climáticas vão dar essa intensificada", explica, ressaltando que, embora grande parte do risco esteja em municípios como Tauá e Independência, o perigo ocorre em todo o Estado. 

"Temos uma grande concentração no noroeste, norte e parte do centro-sul e sul cearense”.

Segundo semestre 
Historicamente, o segundo semestre concentra mais de 90% dos focos de incêndio registrados em todo o ano. Parte disso decorre da vegetação mais seca, umidade relativa do ar baixa e ventos fortes, que facilitam a propagação das chamas. Neste ano, os meses de julho e agosto sozinhos concentram quase 60% do registrado em 2020, até o momento - 391 queimadas. 

Freitas argumenta que, a partir do mês de julho, há uma diminuição considerável da ocorrência de chuvas no Estado, o que facilita essas ocorrências. “A vegetação não está tão úmida, podendo queimar mais fácil caso um incêndio seja iniciado por ação antrópica”. Conforme a Funceme, agosto de 2020 teve um desvio negativo de 87.3 pontos, chovendo apenas 0.6 mm (o normal é 4.9 mm). 

Focos de incêndio em agosto, pelo satélite principal (Inpe): 
2020: 209 (391 até o momento)*** 
2019: 138 (4.304 durante o ano) 
2018: 202 (3.034 durante o ano) 
2017: 98 (3.486 durante o ano) 
2016: 286 (4.316 durante o ano)* 
2015: 118 (3.158 durante o ano) 
2014: 133 (2.327 durante o ano) 
2013: 36 (2.831 durante o ano) 
2012: 267 (4.308 durante o ano)** 
2011: 42 (4.798 durante o ano) 
2010: 206 (4.934 durante o ano)

Emergência ambiental 
O Ceará decretou, pela primeira vez em sua história, estado de emergência ambiental para combate a incêndios florestais. A decisão inédita autoriza, por exemplo, a contratação de uma brigada especializada na questão da prevenção e combate à ocorrências em unidades de conservação. A situação de emergência, normalmente, é decretada em municípios atingidos pela seca. 

Em 2019, o Estado somou o maior número de focos de incêndio desde 2016. Por conta disso, as áreas ainda estão se recuperando e novos incidentes complicariam ainda mais a situação. Os prejuízos do uso do fogo se dão em curto, médio e longo prazos, como explicou o zootecnista Eden Fernandes, em junho deste ano, quando decretado a situação de emergência. 

Curto prazo: poluição visual e problemas de saúde aos moradores no entorno. O fogo seca o solo e destrói sementes, plantas e o local de vida de pequenos animais;

Médio prazo: diminuição da capacidade de produção de alimentos; 

Longo prazo: aumento da área de mata de Caatinga em degradação e até mesmo de desertificação. 

Importante destacar que causar queimadas é crime, pelo Código Florestal, podendo levar a multa de R$ 1.000 por hectare, além de reclusão de dois a quatro anos. 

Ocorrências de incêndios 
Segundo balanço do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará, que considera dados de denúncias recebidas pelo número 193, os números mostram uma tendência preocupante. Segundo dados disponibilizados pela corporação, em 2019, as cidades de Iguatu, Sobral, Crateús, Juazeiro do Norte e Crato, respectivamente, registraram o maior número de incêndios, o que se mantém em 2020.

Dicas para evitar incêndios: Nunca usar fogo para queima de lixo ou para a limpeza de plantação; Não jogar resto de cigarro aceso em locais com vegetação; Não jogar lixo pela janela do carro, já que este pode servir de alimento para o fogo; Fogueiras de acampamento devem ser feitas em locais onde não haja vegetação. Nestes casos, observar o sentido do vento para que as centelhas do fogo ou fumaça não iniciem um incêndio.                      (Diário do Nordeste)

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