FOTO: Guto Vital

Se a percepção, nos últimos anos, é a de que os dias estão mais quentes no Brasil, sobretudo em determinados meses, dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) divulgados nesta semana, sobre as características médias do clima nas últimas três décadas - de 1991 a 2020 - confirmam: as temperaturas se elevaram no País. 

No Ceará, em ao menos quatro municípios (o Inmet não monitora todas as cidades) a temperatura máxima está mais alta. Em Fortaleza, o aumento, em 30 anos, foi de 1ºC, quando se compara os índices de 1961 a 1990 aos de 1991 a 2020. 

Em Fortaleza, a temperatura máxima anual no intervalo de 1961 a 1990 foi de 30,7ºC e passou para 31,7ºC entre 1991 e 2020. Ou seja, de acordo com a observação e análise das médias históricas, os dias ficaram mais quentes na cidade nos 30 anos mais recentes.  

O Inmet é o órgão oficial responsável pelo monitoramento climático do Brasil e, ao divulgar as chamadas normais climatológicas, que são as médias históricas calculadas por 30 anos, revela que, no comparativo mês a mês da temperatura máxima alcançada, Fortaleza se tornou mais quente em todos os períodos.

O destaque é para agosto e setembro, meses nas quais a elevação da temperatura máxima foi ainda maior. Nesses intervalos, a temperatura do ar teve aumento de 1,2ºC em cada mês. 

Outras cidades do Ceará nas quais também houve elevação da temperatura são: 

Barbalha: temperatura máxima passou de 31,6ºC em 1961 a 1990, para 32,7ºC  de 1991 a 2020;

Guaramiranga: temperatura máxima passou de 25,2ºC em 1961 a 1990, para 25,8ºC  de 1991 a 2020;

Sobral: temperatura máxima passou de 33,5ºC em 1961 a 1990, para 34,4ºC  de 1991 a 2020;

Dentre as capitais do Brasil, Fortaleza foi a 4º que mais teve elevação de temperatura máxima nos intervalos de tempo comparados. Goiânia, com aumento de 1,6ºC, registrou a maior variação, passando de 29,8ºC de 1961 a 1990, para 31,4ºC  de 1991 a 2020.

Como é feito o cálculo
As Normais Climatológicas, explica o Inmet são obtidas pelo cálculo das médias de parâmetros meteorológicos, conforme critérios recomendados pela Organização Meteorológica Mundial (OMM).

O cálculo tem como base as observações realizadas nas estações meteorológicas convencionais (aquelas que precisam da atividade humana para extrair as informações) diariamente, às 12, 18 e 24 do Tempo Universal Coordenado (horário padrão global). 

“Esses dados são dados de estações convencionais. Porque existem as convencionais e as automáticas. Essas são aquelas que enviam via satélite mas só foram instaladas a partir do anos 2000. E as convencionais não, elas são desde 1961. três meteorologistas fazem a leitura de manhã, de tarde, de noite e depois envia para Brasilía”.
FLAVIANO FERNANDES
Meteorologista do Inmet

Ele explica que as temperaturas (média, mínima e máxima) são medidas diariamente e delas são extraídas as médias do mês. As anuais, portanto, são extraídas dos índices mensais. Ele reforça que esses dados indicam a média da temperatura de cada período. 

O cálculo inclui médias de temperatura mínima e máxima, umidade, insolação, vento, precipitação, extremos de temperatura e chuva, entre outros. O Inmet explica que esses números servem de referência para a definição do clima nas regiões ou localidades.

Impacto no cotidiano e atividades
Conforme o meteorologista, o aumento das temperaturas tem relação com a urbanização acentuada, a diminuição das árvores, o aumento de prédios, o que, segundo ele, “amplia nas cidades grandes as chamadas ilhas de calor”. 

Medidas que podem reduzir essa elevação da temperatura, aponta ele, são a diminuição da emissão de dióxido de carbono na atmosfera e a ampliação das áreas verdes.

“O aumento acima de um grau já é considerado uma média preocupante. As mudanças climáticas já vêm acontecendo, e quando aparecem essas temperaturas maiores comprova que esse aumento está ocorrendo”. 
FLAVIANO FERNANDES
Meteorologista do Inmet

Conforme o documento do Inmet, há uma importância cada vez maior de se acompanhar as variabilidades e mudanças climáticas e “seus impactos na economia, meio-ambiente, saúde e desastres naturais”. A atualização dos cálculos das normais climatológicas ao longo dos anos, diz a instituição, identificam possíveis mudanças no padrão das variáveis meteorológicas.

Fonte: Diário do Nordeste

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