Pesquisa ainda em andamento feita pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP) aponta forte elevação dos preços do leite em julho – segundo o estudo, o litro deverá ter alta de 15% em relação ao mês passado. Até junho, a alta real foi de 19,8% no ano.

O preço do leite captado em maio e pago aos produtores em junho registrou aumento de 4,6% frente ao mês anterior (a quinta alta consecutiva), chegando a R$ 2,68 por litro na “Média Brasil” líquida do Cepea.

Preços dos derivados disparam em junho
A pesquisa do Cepea mostra que os preços do leite longa vida (UHT), do queijo muçarela e do leite em pó (400g) no estado de São Paulo encerraram o mês de junho com as seguintes médias:

Leite longa vida (UHT) - R$ 5,22/litro;
Queijo muçarela - R$ 36,55/kg;
Leite em pó - R$ 30,55/kg.

Os produtos tiveram altas reais de 17,7% (leite) , de 17,2% (muçarela) e 6,7% (leite em pó) em relação ao mês anterior, conforme pesquisa realizada pelo Cepea com apoio da Organização das Cooperativas Brasileiras(OCB).

Em relação ao mesmo período do ano passado, as valorizações foram de 31,94% para o leite, 14,95% para a muçarela e 10,53% para o leite em pó (400g), em termos reais (valores deflacionados pelo IPCA de junho/22).

Importações de lácteos sobem 30% em junho
A pesquisa mostra que as importações de lácteos subiram 30,2% entre maio e junho, totalizando 85,26 milhões de litros em equivalente leite, segundo a Seretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia. Com isso, o volume internalizado de lácteos já supera em 17,28% o registrado em junho/21.

Ainda assim, comparando-se a quantidade total adquirida nesse primeiro semestre (365,4 milhões de litros em equivalente leite) com o mesmo período do ano passado, observa-se queda de 34,41%.

Os motivos do aumento
Esse movimento de aumento, que também atinge os ovos, é motivado por alguns fatores, aponta o professor de MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Roberto Kanter:

clima mais seco, tradicional do período de entressafra, prejudicando a qualidade das pastagens;
aumento dos custos de produção, por causa de diversas questões, como a seca, a Guerra na Ucrânia - país que é grande importador do milho, usado em ração -, bem como a alta dos fertilizantes - fornecidos em maior proporção pela Rússia;
mercado mais atrativo para o comércio de carne do animal, do que o leite e os ovos, principalmente com a alta do dólar – que melhorou a remuneração da exportação.

Além de reduzir o volume de leite, a alta dos custos de produção fez com que muitos produtores saíssem da atividade, afirma Borges, presidente da Abraleite.

Na prática, há um aumento dos preços desses itens nas gôndolas, diz Kanter. Em junho, o leite ficou cerca de 10% mais caro em relação a maio, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país. Já na comparação com junho de 2021, a alta foi de 37,61%.

No IPCA do mês passado, o preço dos ovos ficou estável. Contudo, em relação a junho de 2021, há um encarecimento de 18,86%.

Fonte: g1

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