18/08/2022

Desde a transposição do Rio São Francisco, que em teoria resolveria os problemas de escassez hídrica das regiões, a comunidade de Palestina que vive no entorno do açude Quixabinha, em Mauriti, viu a água se tornar cada vez mais escassa e sofre há mais de um ano com o vazamento de uma das comportas, é o que relata Adailton Gomes, um dos moradores da localidade.

De acordo com ele, as obras da transposição do canal utilizaram toda a água do reservatório, que até então estava acima da metade da capacidade hídrica. As máquinas acabaram rompendo a barreira que forma o volume morto do açude, o que reflete na atual situação do reservatório, que se encontra com apenas 15% da capacidade.

“O canal veio e tirou toda a água do Quixabinha, não tendo mais possibilidade dos irrigantes irrigarem […] a água é muito pouca”, afirmou Adailton.

Açude Quixabinha antes e depois da transposição do Rio São Francisco

A comunidade resolveu fechar as comportas do reservatório, que já apresentavam problemas por serem muito antigas, e manteve a decisão durante todas as reuniões de alocação das águas com a Companhia de Gestão e Recursos Hídricos (Cogerh) e órgãos competentes.

Em entrevista, um dos moradores que preferiu manter a identidade preservada por medo de represália, afirmou que há quase um ano, dois funcionários do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) abriram as comportas do açude por conta própria, o que gerou repercussão na localidade. Mesmo com dificuldade, os moradores do local conseguiram fechá-la em partes, mas o vazamento apareceu e desde então não foi reparado.

A reportagem entrou em contato com a Cogerh. Em e-mail, a assessoria da companhia afirmou que o açude Quixabinha é uma estrutura federal e que cabe ao Dnocs a manutenção da sua estrutura. “Contudo, a par da situação, a Cogerh está monitorando e avaliando soluções”. No texto, a Cogerh afirmou, ainda, que “se pauta impreterivelmente pelo acordado no âmbito dos Comitês de Bacias e/ou Comissões Gestoras” e que não procede a informação de que manobras foram realizadas fora do acordo.

O Dnocs não retornou o contato até o fechamento desta matéria.

Fonte: Site Miséria

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