O deputado estadual bolsonarista Douglas Garcia (Republicanos) ofendeu a jornalista Vera Magalhães durante o debate da TV Cultura entre candidatos ao governo do estado de São Paulo, na noite desta quarta-feira (14 de setembro de 2022).

Vera, que é colunista do jornal O Globo, comentarista da rádio CBN e apresentadora do programa Roda Viva, da TV Cultura, estava na área reservada para jornalistas quando foi abordada por Douglas Garcia.

Com o celular em punho, ele se aproxima de Vera e diz que ela é "uma vergonha para o jornalismo" e a intimida. A frase é a mesma usada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) contra a jornalista durante o debate da Band entre candidatos à Presidência.

VÍDEO:


Em seu perfil nas redes sociais, Douglas Garcia divulgou um vídeo no qual negou ter agredido a jornalista. Ele afirma que a abordou para questionar o contrato dela com a TV Cultura e que registrou um boletim de ocorrência contra ela por “calunia e difamação”. Ao final da gravação, ele repete as ofensas que proferiu durante o debate.

Questionada, a assessoria da Alesp afirmou não ter recebido nenhuma representação contra o deputado por conta do caso até o momento.

Candidato a deputado federal, Garcia estava na comitiva do ex-ministro e candidato Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Nas redes sociais, Tarcísio alegou que não viu o ocorrido e criticou a postura do correligionário, sem citar o nome dele.

Fernando Haddad, candidato do PT ao governo de SP, criticou o comportamento de Garcia.

"Lamento profundamente e repudio veementemente a agressão sofrida pela jornalista Vera Magalhães enquanto exercia sua função de jornalista durante o debate de hoje. Essa é uma atitude incompatível c/ a democracia e não condiz c/ o que defendemos em relação ao trabalho da imprensa".

Rodrigo Garcia, governador de SP e candidato à reeleição pelo PSDB, usou as redes sociais para manifestar repúdio.

"Meu total repúdio ao ataque covarde que a jornalista Vera Magalhães sofreu, após o debate da TV Cultura, vindo de um sujeito que não representa os valores democráticos nem o povo de São Paulo. Minha solidariedade a você, Vera."

Candidatos à Presidência da República também utilizaram as redes sociais para repudiar a ofensa e a intimidação feitas pelo deputado estadual Douglas Garcia (Republicanos-SP) à jornalista.

No momento da confusão, Leão Serva, apresentador do debate, pegou o celular do deputado e arremessou longe.

Em um vídeo que circula nas redes sociais, o apresentador afirma que o assédio do parlamentar a jornalista é antigo e que tomou tal atitude na intenção de conter o político.

"Ele veio aqui visivelmente com a intenção de ‘lacrar’. A única solução possível naquele momento era afastá-lo da ‘lacração’”, disse Serva. "[Garcia] já tem uma prática de assédio a Vera Magalhaes há um bom tempo.”

Boletim de ocorrência
Vera, que é colunista do jornal O Globo, comentarista da rádio CBN e apresentadora do programa Roda Viva, da TV Cultura, afirmou que precisaria sair escoltada do local do debate, e que fará um boletim de ocorrência.

"Esse tipo de postura vinda de um parlamentar é inaceitável, intolerável na democracia. Não será um truculento, nem dois, que irão me intimidar a continuar fazendo meu trabalho. O deputado tem o meu contrato, porque o requereu. Mente reiteradamente. Agride mulher. Não vai me calar", afirmou, na rede social.

Processos, ofensas e polêmicas
Deputado bolsonarista, Douglas Garcia tem histórico de agressões, polêmicas e denúncias no Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de SP.

Em junho de 2020, ele foi suspenso pela presidência da Casa por conta do envolvimento na disseminação de fake news e de ataques a instituições pilares da democracia.

No ano passado, ele foi condenado a indenizar todas as pessoas que tiveram seus dados divulgados em junho de 2019 no chamado "dossiê antifascista", que contém centenas de dados pessoais de opositores do governo federal.

No documento de quase mil páginas, os nomes, fotografias, endereços e telefones pessoais de várias pessoas foram divulgados sem prévia permissão e associados a termos como "terroristas" e "organização criminosa".

Ele responde a pelo menos onze processos na Justiça de São Paulo por causa do suposto dossiê. No total, as indenizações perdidas por ele já somam R$ 70 mil.

Em maio deste ano, a deputada Erica Malunguinho entrou com representação por transfobia contra Garcia. Em uma sessão na Alesp, ele disse que trans é "homem que se acha mulher".

Em junho, o YouTube suspendeu o canal oficial da Assembleia Legislativa do estado de São Paulo (Alesp) por sete dias após Douglas Garcia exibir um vídeo com desinformação sobre Covid.

Fonte: g1

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