Foto: Antonio Rodrigues

04/09/2022

Com registros de construção em 1817 e finalizada no final do século XIX, a Casa de Câmara e Cadeia de Crato abriga o Museu Histórico J. Figueiredo Filho e o antigo Museu de Artes Vicente Leite, no seu andar superior. No entanto, desde o início da pandemia, o prédio está fechado e sofre com o tempo, apresentando rachaduras e mofo. Há quatro anos, o município possui um projeto de restauração, mas que ainda não conseguiu sair do papel.

O prédio, tombado a níveis estadual e municipal, abrigou as primeiras sedes da Câmara Municipal e da Prefeitura, no piso superior, enquanto no térreo funcionou a primeira cadeia pública de Crato. Uma de suas peculiaridades é possuir uma enxovia em forma de abóbada, onde mantinha os presos mais perigosos.

Como uma das poucas edificações de casas de câmara e cadeia de pé no Ceará, o museu já chegou a ficar quase uma década fechado por problemas em sua estrutura. O Museu de Artes, inclusive, completou 16 anos sem receber público, pois antes disso já tinha sido interditado.

Em 2008, iniciou-se uma reforma que apresentou irregularidades, como a colocação de forro de gesso, que teve que ser retirado. Ao refazer a prestação de conta, a empresa contratada abandonou a obra. A Secretaria de Cultura de Crato, desde 2017, tenta conseguir a restauração da Casa de Câmara e Cadeia. O primeiro passo foi a elaboração de um projeto em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que estuda aquele espaço desde 1940.

Com ele em mãos, iniciou a busca de recursos para sua restauração. O atual titular da pasta, Amadeu de Freitas, explica que o projeto foi concluído e aprovado pela Secretaria de Cultura (Secult) do Estado, responsável pelo tombamento do prédio. No entanto, de outubro de 2021 até agora, foram feitas cinco licitações e nenhuma delas teve sucesso. “As empresas que participaram não conseguiram comprovar a experiência em restauração de prédios tombados e isso tem dificultado”, explica o secretário.

O arquiteto e professor Waldemar Arraes adverte que o processo de restauração não é tão simples. “É preciso um estudo histórico, documental, entender o entorno do edifício e como está hoje em dia”, detalha. Em alguns casos, pode haver escavação e esbarrar com algum achado que obriga um estudo arqueológico.

Além disso, o projeto tem que ser adaptado para ter acessibilidade, plano de combate a incêndio, instalação hidrossanitária, entre outros detalhes. “É um projeto complexo. Envolve equipe multidisciplinar, profissionais de várias áreas, desde historiadores, engenheiros, arquitetos. Exige fiscalização dos órgãos. É complicado. Não é qualquer pessoa que faz”, reforça o arquiteto.

Uma nova licitação será republicada no início deste mês, num investimento estimado de R$ 405 mil, antecipa Amadeu de Freitas. “Só teremos condições de reabrir após a reforma.” Além disso, o gestor conta que as exposições passarão por mudanças. “Enxergo que o acervo está mal exposto. Vamos contratar uma empresa para fazer o projeto tipográfico e licitar a instalação de expositores”, completa.

Fonte: Jornal Opinião CE

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