A população do Ceará é majoritariamente parda, de acordo com dados do Censo 2022 divulgados nesta sexta-feira (22 de dezembro de 2023) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ao todo, 64,7% dos cearenses se declararam pardos.
Os brancos compõem 27,9% da população cearense, enquanto pretos são 6,8%, indígenas 0,6% e amarelos 0,1%. Conforme o balanço do IBGE, a população autodeclarada parda é a maioria em 183 dos 184 municípios cearenses - os brancos só são maioria no município de Potiretama (52,3%).
Em relação ao último Censo, realizado em 2010, a população branca do Ceará teve redução de 9,2%. Já o número de pessoas que se declaram pretas cresceu 51,7% e a proporção de pardos cresceu 8,8%. O maior crescimento foi da população autodeclarada indígena: o grupo cresceu 172,4% no período entre 2010 e 2022.
Entre os municípios cearenses, aquele com a maior proporção de pessoas pretas é Salitre, onde 14,7% se declara preta. Choró é o município com o maior percentual de pessoas pardas, quase 81%, enquanto Monsenhor Tabosa é o que possui o maior número de pessoas autodeclaradas indígenas : 28,3%.
Pela 1ª vez, Brasil se declara mais pardo que branco
O número de brasileiros que se declaram pardos cresceu 11,9% desde 2010, passou o de brancos e se tornou o maior grupo racial do país pela primeira vez, com 45,3% da população, segundo os dados do Censo 2022 divulgados nesta sexta-feira (21) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A população que se declara preta também cresceu – hoje 10,2% dos brasileiros se dizem pretos –, assim como a de indígenas (0,8% dos brasileiros assim se identificam).
A parcela dos que se declaram brancos voltou a cair, em linha com o que acontece desde 2000, e passou a ser o segundo maior grupo, com 43,5% da população.
A de amarelos também recuou, para 0,4%, e voltou ao mesmo patamar de 30 anos atrás.
Veja os números:
Os pardos são 92,1 milhões, 45,3% da população. Em 2010 eram 43,1%;
Os brancos são 88,2 milhões, ou 43,5%. Em 2010, eram o maior grupo, com 47,7%;
Os pretos cresceram 42,3% na última década, e passaram a ser 20,7 milhões, ou 10,2% da população, ante 7,6% em 2010;
Os indígenas* agora são 1,7 milhão, ou 0,8% ante 0,5% em 2010, um aumento de 89%. Parte desse crescimento expressivo, entretanto, pode ser explicado pela mudança na metodologia da pesquisa para os povos indígenas, que permitiu identificar mais pessoas;
Os amarelos tiveram a maior queda, de 2 milhões em 2010 (1,1% da população) para 850 mil agora (0,4%), retornando a patamares próximos aos encontrados no censo de 1991.
Quem define a cor ou raça de cada um
A definição da cor ou raça no Censo é feita por autodeclaração. Ou seja, o morador entrevistado identifica a si mesmo de acordo com uma de cinco alternativas: branca; preta; amarela; parda ou indígena (havia a opção de não declarar a raça, mas só 0,005% dos entrevistados decidiram assim).
Segundo o IBGE, embora o quesito cor seja pesquisado no Brasil desde o primeiro Censo de 1872, ele passou a ser denominado “cor ou raça” apenas partir de 1991. Por isso, a série histórica divulgada pelo IBGE começa ali.
O IBGE destaca que a raça é um conceito mais amplo do que apenas a cor da pele e outras características físicas, envolvendo também outros critérios de pertencimento identitário como origem familiar e etnia.
As raças por regiões...
Os pardos são a maioria da população Nordeste (59,6%), do Norte (67,2%) e do Centro-Oeste (52,4%).
Os brancos são a maioria na região Sul (72,6%), e quase a metade da população do Sudeste (49,9%).
As regiões com maiores concentrações de população preta são o Nordeste com 13% e o Sudeste, com 10,6%.
Já os amarelos têm maior concentração no Sudeste (0,7%) e Sul e Centro-Oeste, com 0,4%, mesmo peso relativo nacional.
...e por municípios
Os pardos são o maior grupo em mais da metade dos municípios do país – 3.248 das 5.570 cidades. Os brancos, em 2.284.
Em apenas 33 cidades brasileiras os indígenas são a cor ou raça predominante e a preta, em 9. Os amarelos não são maioria em nenhuma cidade brasileira.
Autodeclaração entre as idades
A população com idade de 15 a 29 anos é a que menos se identifica como branca. Para essa faixa etária, 48,7% se consideram pardos, valor acima do declarado pela população total do Brasil (45,3%). Já os brasileiros com 75 anos ou mais são os que mais se reconhecem como brancos, 55,6%.
Mais velhos: amarelos; mais jovens, indígenas
A população que se declara como amarela é a mais envelhecida do país. O IBGE estipula uma taxa, o chamado de índice de envelhecimento, a partir da comparação do número de idosos (60 anos ou mais) com a população de 14 anos ou mais.
A média nacional do índice é 80. Já entre os amarelos, chega a 266,5 – mais que o triplo. Os indígenas, população menos envelhecida, tem índice de 35, 6.
Homens são maioria só entre os pretos
A população preta é a única em que há mais homens que mulheres. Para cada 100 mulheres pretas, há 103,9 homens pretos. No geral, a população brasileira é majoritariamente feminina, e há 94,2 homens para cada 100 mulheres.
A proporção de homens é a menor entre os amarelos (89,2 para cada 100 mulheres). Entre os brancos são 89,9 homens para cada sem mulheres. Entre os pardos, 96,4, e entre os indígenas, 99,1.
Outros dados do Censo 2022
Os dados do Censo 2022 começaram a ser divulgados em junho deste ano. Desde então, foi possível saber que o
Brasil tem 203 milhões de habitantes, um número menor do que era estimado pelas projeções iniciais;
O país segue se tornando cada vez mais feminino e mais velho. A idade mediana do brasileiro passou de 29 anos (em 2010) para 35 anos (em 2022). Isso significa que metade da população tem até 35 anos, e a outra metade é mais velha que isso. E há cerca de 104,5 milhões de mulheres, 51,5% do total de brasileiros;
O Brasil tem 1,3 milhão de pessoas que se identificam como quilombolas (0,65% do total) – foi a primeira vez na História em que o Censo incluiu em seus questionários perguntas para identificar esse grupo;
O número de indígenas cresceu 89%, para 1,7 milhão, em relação ao Censo de 2010. Isso pode ser explicado pela mudança no mapeamento e na metodologia da pesquisa para os povos indígenas, que permitiu identificar mais pessoas.
*O percentual de pessoas indígenas considera tanto a autodeclaração de cor ou raça quanto os que responderam à pergunta "se considera indígena?"
Fonte: g1 CE
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