Escola em Granjeiro precisou pegar água com vizinhos para evitar cancelar aulas, no Cariri. Foto: Reprodução |
14/03/2024
Moradores do Sítio Cana Brava dos Ferreiras, em Granjeiro, no Cariri cearense, sofreram com falta de água durante uma semana. O problema começou quando foi cortada a energia elétrica do local onde funciona a bomba que abastece a comunidade. A associação comunitária reclama de cobranças abusivas. Uma escola da comunidade precisou suspender as atividades devido à falta de água.
A Enel Distribuição Ceará disse que realizou a suspensão do fornecimento de energia da Associação de Moradores e Amigos do Sítio Cana Brava dos Ferreiras pelo não pagamento de algumas faturas. No entanto, a empresa informou que já solicitou a religação do cliente e está analisando o tema.
A água na região é fornecida pelo Sisar (Sistema Integrado de Saneamento Rural) com sede em Juazeiro do Norte, também no Cariri. O gerente técnico da entidade explicou que, apesar de fornecer o serviço hídrico, a responsabilidade de pagar as contas de energia é da associação comunitária.
"Mensalmente, o Sisar presta esse serviço [de repasse financeiro] à comunidade, por meio do faturamento que é enviado nas contas. A gente fatura por cada usuário que tem hidrômetro", explicou o engenheiro Rodrigo Freitas.
Cobranças abusivas
Já Nonato Sousa, presidente da associação comunitária de Sítio Cana Brava dos Ferreiras, informou que a falta de pagamentos ocorreu porque a entidade tem recebido contas com altos valores, que ele considera abusivos.
A reportagem teve acesso a algumas contas de energia da associação comunitária. Em um único mês, há duas cobranças emitidas (que mudam apenas a data de vencimento), uma com o valor de R$ 2.455,15 e a outra cobrando R$ 7.470,80 (veja abaixo).
“Eles entregam duas contas de energia num mês só; a conta da energia que a gente já consumiu, com um preço correto, dentro da margem, e a outra eles fazem uma leitura prevendo o que vamos gastar”, reclamou Nonato.
“A gente procurou um advogado e entrou na Justiça para que a Enel fizesse a cobrança de forma correta”, disse o líder comunitário. “Eles fazem isso para tentar que a gente ceda e coloque a comunidade para pagar uma conta absurda de algo que a gente não está consumindo”, complementou Nonato.
Uma decisão judicial de outubro de 2023, expedida pela Comarca de Caririaçu — município também na região do Cariri —, determinou que a Enel não poderia fazer cortes de energia até uma sentença do processo ou decisão contrária.
Escola paralisa atividades
O g1 conversou com Elisângela Dias de Carvalho, diretora da Escola Augusto Ferreira da Silva, que fica na comunidade. Ela informou que a unidade paralisou as atividades nesta quinta-feira (14), devido à falta de água.
Desde o corte, a escola continuou funcionando com medidas improvisadas, como pedir água de vizinhos que possuem poços ou até mesmo comprar água de um vendedor.
“Isso para poder oferecer a merenda e o almoço, porque alguns alunos ficam em tempo integral”, disse Elisângela. A paralisação afeta cerca de 200 estudantes, conforme a diretora.
“Não tem mais como continuar porque é uma sobrecarga grande estar carregando água. É muita coisa porque tem o consumo dos alunos, tem o banho de alguns que passam o dia aqui”, complementou.
Fonte: g1 CE
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