A máquina mede apenas 45 centímetros de comprimento por 43 de altura, pesa 12 quilos e funciona com um motor elétrico de 250 Watts. FOTO: Honório Barbosa |
Iguatu. O trabalho
manual de vendedores de feijão verde nas feiras das cidades do Interior
debulhando o grão para atender à demanda dos consumidores pode estar com os
dias contados. Uma máquina desenvolvida por pesquisadores da Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) acelera em até cinco vezes o beneficiamento
das vagens, auxiliando os agricultores familiares no sertão do Nordeste
brasileiro.
O
processo manual de separação do grão da casca, conhecido como debulha, quando
executado por uma pessoa adulta, rende de quatro a seis quilos por hora, de
acordo com os pesquisadores da Embrapa. Com a máquina, o pequeno produtor
consegue debulhar até 25 quilos de grãos de feijão verde por hora.
O
equipamento foi desenvolvido com apoio do Banco do Nordeste pelos pesquisadores
César Nogueira, da Embrapa Meio-Norte (PI), e Francisco Freire Filho, Embrapa
Amazônia Oriental (PA). A máquina mede apenas 45 centímetros de comprimento por
43 de altura, pesa 12 quilos e funciona com um motor elétrico de 250 Watts.
Criada
para ser usada em feiras livres, a máquina é simples, de fácil construção e de
baixo custo. Produzida em Teresina (PI), o custo varia entre R$ 500,00 e R$
800,00, dependendo da quantidade.
"Esse
avanço acelera o rendimento da mão de obra e incrementa a renda", destaca
César Nogueira, lembrando que a debulha de 25 quilos de feijão verde por hora é
suficiente para atender à demanda de grupos familiares que vendem a produção a
restaurantes, supermercados e em feiras.
Cansativo
A
produção de feijão verde, majoritariamente da espécie caupi (Vigna
unguiculata), no Nordeste brasileiro é manual, do plantio até o beneficiamento.
Nogueira explica que o processo de debulha é relativamente fácil quando se
trata de quantidade para o consumo diário de uma família, mas quando a
atividade visa à comercialização, se torna um trabalho cansativo e com baixo
rendimento.
"É
importante que os agricultores saibam que a máquina pode ser usada também para
debulhar o feijão seco ou maduro, com umidade do grão inferior a 15%",
detalha o pesquisador Freire Filho. Na debulha de feijões ainda verdes, a
umidade do grão deve estar entre 35% e 60%. "Mas se a umidade estiver no
intervalo de 16% a 35%, há uma tendência de amassar os grãos pelo fato de as
vagens e os grãos estarem em estágio plástico", alerta.
Feirantes
Na
feira de Iguatu, nas proximidades do Mercado Central há dezenas de vendedores
de feijão verde, que diariamente trazem as vagens oriundas de cultivo nas
várzeas do Rio Jaguaribe, na localidade de Santa Rosa, zona rural do município.
O trabalho é diário e manual de debulha dos grãos.
As
mãos são ágeis e rapidamente os feirantes descascam os grãos que são ensacados
e vendidos. Quando a demanda é elevada às sextas-feiras, na feira livre do
sábado ou em período de grande consumo, como na Semana Santa, os consumidores
ficam esperando a conclusão do processo manual.
"Não
sabia que tinha essa máquina e se for boa, quero comprar uma", disse a
feirante Francisca Souza. Com a ajuda de filhos e do marido, a agricultora
familiar vai debulhando os grãos enquanto conversa. "É um trabalho
cansativo e diário, mas a gente se acostuma". O vendedor José Oliveira
também mostrou interesse em adquirir o produto. "Se funcionar bem, acho
que muita gente vai comprar", pontuou. "Estou interessado em
conhecer".
Ponto
ideal
Os
pesquisadores da Embrapa reforçam que o momento certo da colheita deve ser
seguido à risca pelos produtores. "O agricultor que produz feijão verde
sabe qual é o ponto ideal", afirma Nogueira. "Ele ocorre quando as
vagens atingem o volume máximo de desenvolvimento e começam a mudar da cor
verde para a roxa ou amarela, dependendo da variedade cultivada".
É
o ponto em que os grãos param de crescer, dando início ao processo de
desidratação natural. Isso é importante sob o aspecto econômico, porque o grão
rende mais e pode ser mais bem trabalhado. Segundo Nogueira, nesse intervalo a
umidade pode variar entre 40% e 60%.
Os
pesquisadores levaram dois anos para desenvolver a debulhadora e contaram com
investimentos de R$ 15 mil. Para chegar ao projeto definitivo da máquina, os
cientistas foram buscar detalhes em um equipamento que debulha ervilha
desenvolvido nos Estados Unidos.
Fique
por dentro
Comunidade
agrícola do PI foi a 1ª beneficiada
A
primeira comunidade agrícola beneficiada com a debulhadora foi a Cooperativa
dos Produtores Agropecuários do Portal do Parnaíba (Cooperagro), na zona rural
norte de Teresina, beneficiando 20 famílias.
O
feijão-caupi, feijão-de-corda ou feijão macassar (Vigna unguiculata) é uma das
mais importantes fontes de proteínas nas regiões tropicais e subtropicais no
mundo. No Nordeste brasileiro, ele é estratégico na segurança alimentar e vem
gerando emprego e renda.
De
origem africana, o feijão-caupi aportou no Brasil na segunda metade do século
XVI, no Estado da Bahia, pelas mãos dos colonizadores portugueses. Chegou a
outros estados nordestinos, conquistando a preferência na mesa dos sertanejos. (Diário do Nordeste)
bom dia, voce tem esse projeto para eu tentar fazer ou teria que comprar a maquina?, se caso tiver o projeto poderia enviar para mim, att luiz.
ResponderExcluirmeu email lcreis.reis@gmail.com
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