O
trabalho de desobstrução, instalação de bombas e de tubulação foi realizado por
técnicos da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), em parceria com a
Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) e a Superintendência de
Obras Hidráulicas (Sohidra), além de mão de obra especializada de empresas
contratadas pelo governo do Estado.
"O
funcionamento simultâneo dos dois poços é uma vitória conjunta, depois de 17
anos", comemora o gerente da Unidade de Negócios do Interior da Cagece,
Adeilson Rolim. "Os olhos dos operários eram de apreensão, o temor de não
dar certo, mas o funcionamento e a vazão adequados, fizeram a alegria da equipe
de 50 pessoas".
Reforço
Inicialmente,
os dois poços atendem a maior parte da demanda de Campos Sales, com uma vazão
de 100m³/h. Outros 20m³/h são de outros poços instalados anteriormente pela
Sohidra, nos bairros de Barro Branco, Aparecida e Batalhão. A cidade enfrenta
crise hídrica há pelo menos sete anos. "Em período crítico, é uma oferta
suficiente para eliminar o rodízio de distribuição de água na Cidade a partir
do uso consciente da água pelos moradores", disse.
Os
dois poços começaram a funcionar em de 21 de fevereiro passado e estavam em
período de teste. Afinal, depois de tentativas anuais fracassadas, em 2001,
2011, 2013 a 2016, havia a preocupação. A recuperação começou em novembro de
2017 e de instalação de tubulação e bomba, em janeiro passado.
"Foi
uma operação complexa, de alto risco, que exige conhecimento e precisão dos
operários e técnicos", frisou Rolim. "A tubulação tem de estar bem
instalada e a bomba, que fica a uma profundidade de 412m, não podia sofrer
avaria". Um guindaste de 70 ton permitiu a colocação da bomba, que pesa,
com a tubulação, 30 ton. Também foi preciso recuperar o equipamento, que veio
de São Paulo com defeito.
A
Sohidra perfurou anteriormente 80 poços com o objetivo de evitar o colapso
hídrico em Campos Sales, mas só 20 alcançaram vazão suficiente. No entanto, com
o passar do tempo, foram perdendo vazão, e não estavam oferecendo nem 10% da
água necessária para abastecer a Cidade, que agora conta com o reforço dos
poços pioneiros.
Outro
desafio é a transferência da água. Depois de acumulada em um reservatório de
cinco milhões de litros, segue por uma adutora de 50Km, passando por terrenos
alagados ou de difícil acesso. Diariamente, operários da Cagece fazem
manutenções para evitar vazamentos.
Tranquilidade
Para
a coordenadora da Unidade de Negócios da Cagece, Arilete Barros, a reativação
dos dois poços trará mais tranquilidade para Campos Sales. "A população
terá a garantia de água nas torneiras e condições de abastecimento por longos
períodos, especialmente porque teremos mais de uma fonte de captação",
frisou. O Açude Poço da Pedra, que estava seco, recebeu uma recarga de água e
em breve deve entrar em operação para complementar o abastecimento.
Com
a retomada da distribuição, a Cagece vai voltar a faturar as contas de água,
que estavam suspensas desde junho de 2017, período em que o Poço da Pedra
deixou de abastecer a Cidade.
Localizados
na Chapada do Araripe, os dois poços tubulares foram perfurados em 2001, pela
Petrobras, com o objetivo inicial de encontrar petróleo. Jorrou água. Depois,
em uma articulação do governo do Estado, decidiu-se usar o recurso para
abastecer os municípios de Araripe, Campos Sales e Salitre.
Por
causa da profundidade de cerca de mil metros e complexidade de funcionamento
das bombas surgiram diversos problemas que provocaram a impossibilidade da
operação. Os poços ficam 50Km de distância da Estação de Tratamento de Água
(ETA) e da unidade de distribuição da Cagece, em Campos Sales. De acordo com
Rolim, no futuro a água dos dois poços deverá ser usada para complementar
abastecimento da cidade de Araripe e de algumas localidades rurais de Salitre.
Falhas
Segundo
o radialista Damião Oliveira, de maio de 2017 até a metade de março deste ano,
Campos Sales ficou sem abastecimento da Cagece. "A Prefeitura perfurou
alguns poços na sede do Município, mas a vazão era insuficiente para o
abastecimento", lembra. O radialista lamenta que, apesar do retorno do
abastecimento da Cagece, a adutora tenha apresentado problemas. Durante as
obras na CE-292, foi quebrada e a vazão é pequena.
A
agricultora Lusanete Santos disse que, hoje, tem água nas torneiras de dia no
Centro, mas, nos outros bairros, só chega ao escurecer. "Na zona rural, os
açudes pequenos pegaram água, mas, no Poço de Pedras, entrou pouca",
conta. Maior reservatório de Campo Sales, o Poço de Pedras apresenta 2,51% de
sua capacidade. Por outro lado, a agricultora garante que as cisternas da zona
rural encheram com as chuvas em fevereiro. (Diário do Nordeste)
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