Patativa do Assaré. FOTO: Tiago Santana |
Ao
longo do ano, vários projetos são trabalhados envolvendo a cultura popular em
Assaré, como o Cordel na Feira, que reúne cordelistas e violeiros, uma vez por
mês, em praça pública. "A festa é a culminância de tudo que é
trabalhado", explica Francisco Wagner Góes, secretário de Cultura do
Município. Além disso, as escolas e o Instituto Canto do Patativa trabalham com
oficinas de cordéis, viola e música para reverberar a cultura de Patativa.
"Hoje, ele não é um patrimônio só de Assaré. Nós temos a missão de
continuar levando essa cultura", completa o titular da Pasta.
As
escolas de Assaré, sejam da rede pública, municipais e estaduais, ou privada
têm desenvolvido projetos voltados a Patativa do Assaré. Uma Lei Municipal
incluiu a disciplina de "Cultura Popular", que trabalha o poeta em
sala de aula e fora dela. São contações de histórias, música, oficinas, canto.
As atividades acontecem, principalmente, a partir do segundo semestre,
antecipando a comemoração de aniversário do artista.
"Patativa
é múltiplo: temos o filósofo, o sociólogo, no amor, na cantoria. Essas raízes,
quando são trabalhadas na escola, fazem com que essa cultura não morra. A
disciplina é dividida. Se trabalha a poesia social e o Meio Ambiente. Esse
legado, faz com que sempre se conviva com ele. Mas, claro, dizem santo de casa
não obra milagres, então alguns alunos têm resistência. Mas nesta semana, eles
transpiram Patativa", explica o professor Francisco Edval da Silva.
Além
disso, o Memorial Patativa do Assaré reúne vários itens que resgatam a figura
do poeta, como o tijolo da sua casa, os títulos que recebeu, os discos que
gravou, seu rádio, a muleta, uma de suas violas e os tradicionais óculos
escuros. O prédio recebe excursões escolares de várias cidades, eventos e
palestras. O espaço é mantido pela Prefeitura. No ano passado, o local teve uma
média de 600 visitantes por mês.
Lembrança
Patativa
do Assaré vendeu uma ovelha e, com o dinheiro, comprou sua primeira viola. Com
ela, embalava as noites com a família tocando baião e alegrando a casa.
"A
nossa infância foi sempre trabalhando com ele na roça. Vida muito humilde. O
tempo era muito bom. Apesar de ser sério, reclamava pelos direitos, mas eu
gostava daquilo ali", lembra a filha mais velha do poeta, Inês Alencar,
78. Depois que foi morar na sede de Assaré, Patativa visitava a família, na
Serra de Santana, toda vez que tinha oportunidade. Chegava a passar um mês na
casa de Inês, ensinando versinhos para as netas. Gostava de "comidas de
matuto", como diz a filha. Muito apegado aos livros, ele pedia que Inês
lesse para ele. "Trazia livros de lá para ler, presente de amigos. Ele
gostava muito", recorda.
Muito
apegado a crianças, Patativa do Assaré começou a usar óculos escuros para não
assustar os pequenos com seu olho que perdeu aos quatro anos. Uma dessas
crianças foi seu neto Daniel Gonçalves, 30, que administra o Memorial. Ele
também seguiu a carreira do avô com a poesia, muito pelo legado que construiu.
"Com
11 anos, fiz um cordel e mostrei a ele. Me chamou no canto e me deu uma chamada
de atenção", lembra Daniel. Patativa chegou a orientá-lo sobre a estrofe e
a construção do cordel, desfecho da poesia e as rimas. "Depois que comecei
a publicar foi que compreendi", garante Daniel. Com a influência de seu
avô, hoje o jovem dá palestras e admite que suas poesias têm aceitação graças
ao nome construído por ele. "O Patativa tem um peso grande. Se eu não
fosse neto dele, eu ia ter que bater em muitas portas para ouvirem minha
poesia. É uma porta já aberta", completa.
Enquete
Qual é a importância do poeta?
"Patativa
é o grande representante da cultura do Município de Assaré. Foi ele quem
projetou mundialmente o nome da nossa cidade. Em virtude disso, economia daqui
é toda voltada ao legado deixado por ele"
Karina Silva
Estudante
"A
figura dele, como assareense, sem ter muito estudo, mas pela inteligência que
tinha, mostra que não precisa ter só estudo, mas sim um dom. Ele conseguiu
mostrar ao País que a gente tem uma grande importância"
Danilo Moura
Vendedor (Diário do Nordeste)
Vendedor (Diário do Nordeste)
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