Outro problema enfrentado pelos produtores locais é o preço do milho e da soja que são dado aos frangos. O primeiro subiu 42%, já o segundo 19% em um mês |
Embora
as restrições da União Europeia (UE) a empresas exportadoras de carne de frango
brasileiras não tragam impactos diretos à indústria de avicultura do Ceará, que
produzem somente para o mercado interno, indiretamente, o setor local deve
sofrer, principalmente, com a queda do preço da carne no mercado nacional. Com
o embargo, grande parte dos produtos que seriam enviados à UE deverão ser
comercializado no Brasil, pressionando a oferta.
Segundo
André Siqueira, presidente do Sindicato das Indústrias da Alimentação e Rações
Balanceadas do Estado do Ceará (Sindialimentos), no momento, as empresas
descredenciadas pela UE para exportação de frango estão dando férias coletivas,
mas, em breve, a produção dessas unidades deverão ser retomadas, impactando
todo o setor. "Depois desse período de um mês de férias coletivas, a
oferta do produto abatido no mercado interno deve aumentar muito", diz
Siqueira.
O
presidente do Sindialimentos diz ainda que com a redução dos preços, o setor
local pode acabar tendo de vender o produto com preços abaixo do custo. "O
nosso Estado tem uma atividade avícola muito significativa, é um expoente na
produção de frango mas, mesmo sem nenhuma unidade de processamento de frango
envolvida nessas restrições, deve ser impactado pelo embargo. É normal que, ao
longo do ano, o preço de venda sofra grandes oscilações, ficando, muitas vezes,
abaixo do custo de produção. E agora, com o excesso de oferta das empresas do
centro sul do Brasil, esse período pode se prolongar", diz.
Insumo
Além
do risco da sobreoferta, André Siqueira diz que, hoje, o setor já vem sofrendo
com o aumento do preço dos insumos. Em um mês, o preço do milho subiu 42% e da
soja 19%. "A produção na Argentina está em queda, e com as barreiras
impostas pelos Estados Unidos, a China está comprando grãos no Brasil, o que
também está pressionando os preços. Então a gente tem esses dois cenários
negativos para o setor".
Na
tentativa de amenizar esses impactos, Siqueira diz que o sindicato vem fazendo
uma campanha para estimular o consumidor cearense a comprar produtos locais.
"Dentro de todo esse contexto, queremos que o cearense valorize o produto
do Estado, que gera empregos, impostos e riqueza para o Ceará. "Esse é um
apelo que fazemos".
Embargo
Na
quinta-feira (18), a UE anunciou que iria descredenciar 20 plantas exportadoras
da lista de empresas brasileiras autorizadas a vender carne de frango e outros
produtos para os países que compõem o bloco econômico formado por 28 países. Ao
todo, unidades de nove empresas serão afetadas, de acordo com a Associação
Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
A
medida foi tomada depois da detecção de deficiências no sistema de controle do
Brasil sobre esses frigoríficos. A restrição será aplicada 15 dias depois da
publicação no Diário Oficial da UE, o que ainda não ocorreu. (Diário do Nordeste)
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