FOTO: Helene Santos-Diário do Nordeste |
O
aumento anual da tarifa de energia no Ceará ficará abaixo dos 10%. A partir do
dia 22 de abril, o reajuste passará a vigorar, mas o percentual será anunciado
pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) na próxima terça-feira. O
índice será menor para os consumidores de baixa tensão (residência) e maior
para os de alta (indústrias). Demais estados sofreram reajuste em torno de 20%.
Segundo
Erildo Pontes, presidente do Conselho de Consumidores da Enel Distribuidora
Ceará (Conerge), o percentual ainda não pode ser revelado antes da homologação
da Aneel. Porém, o índice deve ficar abaixo de dois dígitos, ou seja, menor que
10%, segundo sinalizado na reunião, em Brasília, com a Agência.
Até
o anúncio oficial do reajuste, Erildo diz que o percentual pode sofrer alguma
alteração a partir dos questionamentos que ocorrem em bastidores entre a
distribuidora e a Aneel, mas que o resultado deve ficar dentro do patamar já
sinalizado. “Diria que é um reajuste aceitável pelos consumidores. Não será
como nos anos anteriores, em que chegou a 50% de aumento”.
Neste
ano, o reajuste foi puxado pela baixa nos reservatórios de água, que fez com
que as térmicas a gás e a diesel fossem acionadas para suprir a demanda
energética, gerando custo mais alto do que a geração pela hidrelétrica.
Segundo
Jurandir Picanço, consultor na área de energia da Federação das Indústrias do
Estado (Fiec) e presidente da Câmara Setorial de Energias Renováveis do Ceará,
a Aneel sinalizou que o reajuste será acima da inflação. Um efeito dos encargos
que pesam e não são propriamente do custo do serviço, que é a Conta de
Desenvolvimento Energético (CDE).
Para
tentar minimizar o impacto de reajuste anual, a Aneel criou em 2015 o Sistema
de Bandeiras Tarifárias. Adão Linhares, secretário-adjunto de Energia do
Estado, explica que antes das bandeiras havia o acúmulo de déficit provocado
pela falta de água das hidrelétricas e pelos custos das térmicas adicionadas.
“Então,
o reajuste tinha que compensar financeiramente todo o dinheiro que a
concessionária tinha emprestado comprando aquela energia mais cara”. As
bandeiras ajudaram a compensar a necessidade de energia numa situação crítica.
Conforme
Joaquim Rolim, coordenador do Núcleo de Energia da Fiec, os aumentos dos
últimos três anos impactaram a competitividade da indústria e a expectativa. “O
industrial não consegue colocar isso no preço do produto e os clientes não
conseguem pagar a mais. A indústria já não suporta tantos aumentos de energia
elétrica”, avalia.
Toda
alta é inadequada, porque a população já está sentido a retomada da economia,
avalia Cid Alves, presidente do Sindicato do Comércio Varejista e Lojista de
Fortaleza (Sindilojas). “O aumento dos preços gera insegurança no consumo das
famílias e o comércio é o que mais sente, porque no varejo é onde as famílias
fazem suas compras”. Cid observa que o reajuste acaba por deslocar o dinheiro
que seria aplicado no consumo para o pagamento adicional de energia. Nesse
sentido, energia eólica e solar oferecem um custo melhor. (O Povo)
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