Criação dos crustáceos se estabeleceu quase 300 quilômetros de distância do mar. FOTO: Ellen Freitas |
"Ocorre
que nos últimos anos, devido à seca, os produtores, principalmente de leite,
feijão e arroz, que precisam de muita água, foram mudando para o camarão. Com a
salinização de açudes e poços, a água foi ficando ruim para a cultura dessas
atividades e para o consumo humano, mas ficou apropriada para o camarão",
conta Cristiano Maia, presidente da Associação Brasileira de Criadores de
Camarão (ABCC).
A
partir daí, pequenas e médias criações começaram a se multiplicar às margens do
rio Jaguaribe, de Jaguaruana até Icó (quase 300 quilômetros distante do mar),
passando pelos municípios de Russas, Morada Nova, Alto Santo e Jaguaribe. Com
uma rentabilidade por hectare significativamente superior à de atividades
agropecuárias, a atividade acabou se tornando uma alternativa para pequenos e médios
produtores afetados pela estiagem que atinge o Estado desde 2014.
A
região do Baixo e Médio Jaguaribe, onde antigos produtores rurais passaram a
cultivar o crustáceo, responde hoje por 10% da produção de camarão do Ceará,
maior produtor nacional. E a expectativa é de que nos próximos anos essa
participação chegue aos 20%. Apenas em Jaguaruana, onde a carcinicultura já é a
principal atividade econômica, há cerca de 500 pequenos e médios criadores de
camarão. Hoje, o município é o maior produtor do Estado que não utiliza água do
mar. Em Morada Nova, nas áreas onde há cerca de dois anos se cultivava arroz,
agora prospera a criação de camarão em tanques, com rentabilidade três vezes
maior.
Peso na
economia
Com
cerca de 7 mil hectares de produção no Ceará, a criação de camarão em
cativeiro, no sertão e nos estuários, gera 7 mil empregos diretos e cerca de 10
mil indiretos. E a produção do Estado, que já chegou a 45 mil toneladas por
ano, deve fechar 2018 em 35 mil toneladas, com um faturamento global de R$ 700
milhões. Hoje, São Paulo e Rio de Janeiro são os principais mercados
compradores do camarão cearense.
Embora
o Ceará seja líder nacional no setor de camarão de cativeiro, a produção vem
caindo nos últimos anos, sobretudo em decorrência da doença da mancha branca. (Diário do Nordeste)
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