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A produção de mamão, assim como de outras frutas, sofreu os reflexos de seis anos de crise hídrica enfrentada pelo Estado. FOTO: CID BARBOSA |
Sílvio
Carlos Ribeiro, diretor de agronegócios da Agência de Desenvolvimento do Estado
do Ceará (Adece), avalia 2018 como um "pouco complicado" por causa de
alguns percalços. "A crise hídrica atrapalhou mais uma vez. Tivemos
problemas e também conquistas". Em relação à fruticultura, Sílvio destacou
a melhora nas exportações. "É um setor que não consegue crescer por causa
da crise hídrica. Aos poucos, a maioria dos produtores está trocando culturas
tradicionais por outras que geram mais renda sem a utilização de tanta
água", destaca.
Já
para a floricultura existem boas perspectivas no tocante às exportações. Além
disso, a Serra da Ibiapaba vai ampliar sua produção.
A
produção leiteira está compensando a falta d'água com o uso de novas
tecnologias e o melhoramento genético do rebanho. Com isso, nos últimos quatro
anos, aumentou de 500 milhões para 700 milhões de litros de leite por ano. O
setor enfrenta neste momento dificuldade. "É que, no chamado período do
B-R-O-Bró' o Ceará sofre a concorrência com mercados de fora, que estão em
plena safra. Isso prejudica um pouco", explica Sílvio Carlos.
No
que diz respeito à apicultura, as exportações pararam um pouco, mas houve a
melhora na produção de mel com o surgimento de outros mercados. Já o setor de
ovinos e caprinos passou por uma reestruturação e tem outros projetos, como a
construção de um grande abatedouro.
Outro
segmento que se ressentiu por conta da questão hídrica foi o de criação da
tilápia. "Surgiram alguns projetos em tanques e reservatórios. Houve uma
pequena melhora. Entretanto, a produção está longe do que registramos no
passado, quando o setor se destacava no Estado", frisa. A avaliação da
cajucultura é que as dificuldades enfrentadas nos últimos anos devem ficar para
trás. "O foco hoje é na cajucultura de alto rendimento, nas técnicas para
vender o caju de mesa, muito requisitado nas regiões Sul e Sudeste, além dos
produtos em bandeja e dos agregados, como a indústria do suco".
A
carnaúba tem muito a superar ainda. Um dos principais entraves é lidar com a
praga que está matando os Carnaubais. Estudos estão sendo feitos para
combatê-la. O próximo ano traz positivas expectativas. "Tem a chegada do
novo governo. Para o Ceará, contamos com a Transposição do Rio São Francisco, o
Porto do Pecém e o hub aéreo que pode dar vazão às exportações. Deve ser um ano
muito bom para o setor agropecuário", concluí Sílvio Carlos Ribeiro.
Para
Cristiano Maia, da câmara setorial do camarão, o segmento teve muita demanda e
pouca produção. "A doença da mancha branca nos afetou. Os produtores
passaram a investir na genética, criando animais mais resistentes. Não temos
saída. As doenças nunca vão se acabar. Temos que continuar produzindo".
Suspensão
A
Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec) está otimista.
"Esse ano já foi melhor do que 2017 na pecuária. Deu para se manter. Já a
agricultura irrigada sofreu com a suspensão da outorga. Vínhamos utilizando a
água para a produção destinada às exportações. Com o corte, houve a suspensão
da atividade", lembra Flávio Saboia, presidente da Faec.
Em
função do corte de água, muitos produtores de melão e banana foram embora para
o Piauí e a Bahia. Flávio Saboia foi buscar apoio para o setor em Brasília e
garante que os contatos e informações relacionados ao novo governo são
positivos. (Diário do
Nordeste)
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