Reduzir
distâncias sempre foi um grande desafio à humanidade. A máquina a vapor
possibilitou maiores deslocamentos em menos tempo nos barcos e navios a vapor.
O telégrafo, o rádio, o telefone, e outros tantos inventos, marcaram de forma
indelével nosso percurso histórico, mas creio que pouquíssimos tiveram tanto
impacto quanto o avião.
O aprimoramento rápido e constante da aviação durante as primeiras décadas do século passado possibilitou o encurtamento de distâncias enorme. O avião executou as mais diversas funções, e foi um dos grandes responsáveis pelo aceleramento do transporte de pessoas, produtos e informações, uma tríade que o tornou estratégico e objeto de poder governamental, vide a corrida tecnológica e de estabelecimento de frotas em que ele sempre esteve envolvido, e em protagonismo.
No
Brasil, as primeiras iniciativas do ainda jovem governo republicano em prol da
introdução e melhoramentos da aviação ocorreram ainda na década de 1910, e já
na década de 1920, o país passou a possuir serviços regulares de transporte de
cargas e passageiros. No Cariri, as operações do Correio Aéreo Militar,
posteriormente Correio Aéreo Nacional, um dos mais importantes instrumentos de
unidade nacional, tiveram início em 1933, e em 1950 a Aeronorte iniciou suas
operações comerciais em Juazeiro do Norte.
O Brigadeiro Macedo, figura polêmica, mas de destaque nacional. Samuel Wagner, o aviador de carreira meteórica que plantou as bases em nossa cidade, e outros tantos homens e mulheres que labutaram pela causa, são hoje lembrados por outros feitos, isso quando o são.
É
interessante como os esforços pela preservação da memória de setores ligados
diretamente a atividades comerciais ou industriais são escassos. Enquanto
consigo ampla adesão pela preservação de imóveis residenciais em nossa região,
recebo olhares tortos quando trato do patrimônio edificado industrial e
comercial, como se não fossem eles também depoentes do nosso processo de
formação enquanto sociedade. As atividades práticas e que visam somente o lucro
tendem a não prezar pela sustentabilidade neste sentido, e de tão intrínseca,
essa mentalidade tem poder suficiente para tentar deslegitimar argumentos
contrários.
Sendo
assim, pouco atrai o fato de que a praça que um dia homenageou Samuel Wagner
tenha sido completamente desfigurada e transformada em estacionamento pela
prefeitura municipal em outra gestão, muito embora a atual não tenha feito
qualquer intervenção reparatória. Este e outros fatores influenciaram a família
a desistir de colocar um busto do aviador. Em Crato, o Brigadeiro Macedo segue
apenas como um vulto pouco lembrado. Mais recentemente, a INFRAERO, visando
manter a normalidade e segurança de suas operações, emparedou as portas e
janelas do antigo terminal, o que é reversível e compreensível, intragável
porém foi a autorização para construção de hangar imediatamente atrás da
construção histórica, reduzindo absurdamente as possibilidades de uso.
E
o acervo documental? Melhor nem falar. Cada setor de nossa sociedade merece
atenção e direito a sua memória, e a aviação não é diferente, sendo importante
as medidas no tocante de sua preservação. O antigo terminal poderia ser
utilizado como memorial ou museu. O acervo documental anexado ao arquivo
público. A praça remodelada parcialmente para fazer jus ao homenageado. Nós,
usufruirmos de mais esse nicho de conhecimento histórico tão pouco explorado em
nossa região. Fica o problema a ser analisado, debatido, fomentado. (Site Badalo)
Postar um comentário