FOTO: ANTONIO CARLOS ALVES
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O
governo avalia aumentar a tarifa de importação de leite como uma das medidas de
retaliação às barreiras impostas pelos europeus ao aço brasileiro. A medida
seria uma forma de compensar os produtores rurais depois de, na semana passada,
o Ministério da Economia suspender a cobrança de uma sobretaxa de 14% sobre
importações de leite em pó, o que desencadeou uma forte reação da bancada
ruralista.
Para
especialistas, no entanto, não será uma tarefa fácil, até porque o País nunca
conseguiu compensações do tipo em outras imposições de salvaguarda.
A
equipe econômica entende que não é possível simplesmente aumentar a alíquota do
imposto, porque se trata de uma tarifa comum do Mercosul e o aumento teria de
ser negociado no bloco. Assim, a saída para atender à Frente Parlamentar
Agropecuária (FPA) seria se valer de um dispositivo permitido pela Organização
Mundial de Comércio (OMC).
Nas
próximas semanas, o governo pretende solicitar compensações à União Europeia pelas
barreiras que o bloco impôs ao aço no início do ano. A medida atingiu vários
países e o pedido de compensação é previsto nas regras da OMC.
A
equipe econômica avalia que poderá pedir compensações de US$230 milhões, ou seja,
solicitando que União Europeia baixe tarifas impostas aos produtos brasileiros
ou aumentar as tarifas de importação de produtos europeus neste mesmo montante.
O
pedido de compensação é o primeiro passo nas negociações previstas nas normas
da OMC em caso de imposição de salvaguardas. Se negado, mesmo assim o Brasil
pode retaliar os europeus, aumentando tarifas sem negociação prévia, o que
também é permitido pelas normas da OMC. Porém, o processo pode gerar uma série
de questionamentos e se arrastar por um longo período até uma decisão do órgão.
Depois
de o presidente Jair Bolsonaro anunciar no Twitter que o governo manteria
"o nível de competitividade" do leite em pó com outros países, a
equipe econômica estuda como fazer isso dentro das normas da OMC e sem envolver
o Mercosul ou outros países. A ideia, então, é incluir o leite em pó nessa
negociação sobre o aço com a UE.
A
avaliação na equipe técnica é de que compensar os produtores de leite em pó é
desnecessário, já que a importação é muito pequena - 2,5% em 2017, sendo apenas
0,01% da UE. Assim, os técnicos encontraram na compensação uma solução para o
impasse, já que a pressão da bancada agrícola poderia interferir na reforma da
Previdência.
Na
terça-feira, após reunião com representantes do governo, o presidente da FPA,
Alceu Moreira (MDB-RS), afirmou que uma medida seria publicada até a
quinta-feira para aumentar o imposto de importação de 28% para 42%, o que
igualaria o porcentual da taxa com o antigo antidumping, cujo período de
vigência terminou. (Estadão)
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