O
Ceará registrou 44 focos da peste suína clássica (PSC) entre outubro de 2018 e
março deste ano. Por esta razão, 2.611 animais foram abatidos. A doença não
afeta os humanos, mas impacta na produção de pequenos suinocultores. É na
região Norte do Estado que se concentram todas as ocorrências. Dentre os 18
municípios prejudicados, Groaíras (7), Cariré (5) e Moraújo (4) registram o
maior número de casos. A situação tem preocupado o setor.
Ao
todo, 300 produtores foram indenizados no período, totalizando R$ 400 mil.
Helder de Alencar Braga, presidente da Associação dos Suinocultores do Ceará
(Asce), explica que as indenizações têm contrapartida da entidade de Santa
Catarina, Mato Grosso do Sul e da Associação Brasileira de Proteína Animal
(ABPA). "O valor é de acordo com o peso do animal. É feita uma avaliação e
um cálculo em cima do peso da bolsa de porcos de Minas Gerais", detalha,
acrescentando que quase todos já foram compensados. "Apenas 20% ainda não
foram por problemas nas contas bancárias", expõe.
Segundo
a Agência de Defesa Agropecuária do Estado (Adagri), há 1 milhão e 158 mil
animais cadastrados no Estado. A pasta informa que tem um centro de operações
com seis veterinários, em Sobral. "Estamos trabalhando no controle. A
erradicação depende de vários fatores, dentre eles a conscientização dos
produtores. Existe um plano Nacional da Erradicação da Peste Suína Clássica do
Norte e Nordeste e o Ceará está inserido nessa discussão", informa a
presidente Vilma Freire.
Flávio Saboya, presidente da Federação
da Agricultura e Pecuária do Estado (Faec), destaca que as ocorrências
"acontecem, geralmente, em suínos sem nenhum controle", avalia. Ele
pondera que é necessário esclarecer que não há riscos para o consumo humano do
produto infectado.
Pedro
Watanabe, professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do
Ceará (UFC), reitera que a totalidade desse número é de rebanho de pequenos
suinocultores que não são tecnificados. Ele aponta que a principal barreira da
enfermidade é a facilidade de propagação. "É uma doença transmitida por
vírus. O grande problema em relação à virulência é a possibilidade de
transmissão pelo ar. O próprio contato com outros porcos resulta nessa chance
de contaminação", diz.
A
patologia não tem vacinação permitida no Brasil. Ocorre que, em função do tipo
de vírus, o ideal é abater e incinerar o animal para eliminar todas as chances
de transmissão. A prevenção é feita por meio do controle sanitário e alimentar.
O
que estaria ocorrendo no Ceará é que pequenos produtores estariam utilizando o
macho portador do vírus para cruzar com outras fêmeas. Além disto, o contato
com animal já infectado durante o deslocamento. "Os produtores precisam
ter esse conhecimento que o transporte não pode ser feito sem controle",
alerta. Além de Groaíras, Cariré e Moraújo, os focos estão espalhados em
Reriutaba (4), Frecheirinha (3), Varjota (3), Tianguá (2), Forquilha (2), Santa
Quitéria (2), Martinópole (1), Graça (1), Croatá (1), Ipú (1), Hidrolândia (1),
Coreaú (1) e Mulungu (1). (O Povo)
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