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Leirton Alves Duarte mantém o programa com o ganho das vendas dos salgados; projeto atende mais de 100 crianças e adolescentes. FOTO: Antônio Rodrigues |
As
coxinhas de Leirton são vendidas por R$ 1, cada, e ainda são acompanhadas de um
copo de suco. Já as panquecas custam R$ 3, acompanhadas de arroz. As vendas são
para custear o aluguel da sede do projeto, de R$ 80 mensais, além de água, energia
elétrica e material utilizado.
Através
da Educação Ambiental, o trabalho resgata objetos recicláveis, como garrafas
PET, tampinhas plásticas, latinhas de cerveja e refrigerante, que seriam
jogados no lixo, e são transformados em brinquedos, quadros e luminárias. Além
disso, o projeto social desenvolve a quadrilha junina Arraiá Amadores do
Sertão, que mobiliza a maioria do grupo. O projeto tem pouco mais de 10 meses.
Com
apoio de muitas mães, que ajudam a vender as panquecas e coxinhas, o projeto é
mantido. Joana D’arc Carlos dos Santos, mãe de três crianças acolhidas, é uma
delas. “Eu acho ótimo. Estão entretidos, aprendendo a se comportar. Eles têm
melhorado na escola”, conta a dona de casa. Os hábitos também mudaram dentro na
sua residência. Agora, os meninos reviram o lixo na procura de reutilizá-lo.
“Começaram a juntar tampa, garrafa e diz que vão levar pro projeto”, completa.
Dificuldade,
Leirton enfrenta desde a infância. E esse foi justamente o motor para o
trabalho social. Seu pai era alcoólatra e agredia sua mãe. Chegou a expulsar a
própria família de casa. “A gente dormia na calçada”, lembra. Sua irmã
trabalhava como empregada doméstica para ganhar R$ 30 por semana e sustentar a
casa, já que a renda do seu pai era toda para o vício. “A gente passou muita
fome”, reforça. Por isso, se emocionou quando o “Bincando com Arte” conseguiu
arrecadar 42 cestas básicas para famílias carentes.
Contudo,
a partir do momento em que foi convidado para trabalhar como orientador social
no Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) do Município, no final de
2016, o chefe de cozinha teve contato com as crianças. “Me apaixonei pela área.
As trajetórias das crianças em casa, os desabafos que faziam comigo, não faziam
com os psicólogos”, conta.
Lá,
começou a pesquisar na internet como fazer brinquedos de material reciclado.
“As crianças estavam ali. O que eu poderia fazer? Fui montando e ensinado a
preservar o meio ambiente”, lembra. Ao ser demitido em abril de 2018, após
mudança na gestão municipal de Santana do Cariri, Leirton quase entrou em
depressão. Foi aí que montou o “Brincando com Arte” e voltou a ter contato com
as crianças do projeto.
Analy
Souza Feitosa, de 11 anos, já participa há cinco meses e criou uma flor de
material reciclável e alguns quadros. “Eu já pego as garrafas de mãe, todinhas.
Mas ela acha bom que eu não fico no celular e aprendo a preservar o meio
ambiente”, admite a estudante. Já Denison Paulo Santana, 13, participou de todo
o trabalho e ajudou a criar um muro formado por garrafas PET no quintal da
sede. “Aqui é melhor que tá na rua”, acredita.
Culinária
alimentando sonhos
Os dotes culinários de Leirton alimentam seus sonhos e projetos. Não foi só o “Brincando com Arte” que ele bancou com o dinheiro da venda de seus quitutes. Ele ingressou no curso técnico em Cozinha no Instituto Centro de Ensino Tecnológico (Centec), no Crato. Porém, o transporte coletivo, que levava os estudantes de Santana do Cariri até o município, cobrava R$ 35 por mês de cada aluno. Foi aí que, no próprio ônibus, Leirton começou a vender comida. Além da coxinha e panqueca, baião-de-dois, vapatá e arroz com creme de galinha eram comercializados para conseguir percorrer, de segunda a sexta-feira, os 112 quilômetros que separam Santana do Cariri de Crato – ou do seu próprio sonho.
Os dotes culinários de Leirton alimentam seus sonhos e projetos. Não foi só o “Brincando com Arte” que ele bancou com o dinheiro da venda de seus quitutes. Ele ingressou no curso técnico em Cozinha no Instituto Centro de Ensino Tecnológico (Centec), no Crato. Porém, o transporte coletivo, que levava os estudantes de Santana do Cariri até o município, cobrava R$ 35 por mês de cada aluno. Foi aí que, no próprio ônibus, Leirton começou a vender comida. Além da coxinha e panqueca, baião-de-dois, vapatá e arroz com creme de galinha eram comercializados para conseguir percorrer, de segunda a sexta-feira, os 112 quilômetros que separam Santana do Cariri de Crato – ou do seu próprio sonho.
Chegou
a receber uma proposta para trabalhar como vendedor em uma loja de roupas de
uma amiga. Por isso, deixou de lado o comércio de comidas. Como o salário era
por comissão, o valor recebido era bem abaixo do que conseguia com as coxinhas
e panquecas. Não dava para pagar a mensalidade do ônibus e sequer as fotos da
formatura. “Era meu sonho tirar fotos com a roupa de chefe de cozinha”, admite.
Sem
os R$ 35 para pagar o transporte até o Crato, quase foi barrado no caminho para
a aula. Assim que subiu no coletivo, o responsável avisou: “Quem não pagou, a
partir de hoje, não vai”. “Imagina como eu fiquei?”, narra Leirton. Voltando
com a venda de comidas, concluiu o curso em 2014. “É nas dificuldades que a
gente vence”, reforça.
Próximo
passo
Leirton projeta, a partir do segundo semestre, montar uma biblioteca. “Tem alunos no quinto ano que não sabem nem ler”, justifica. Por isso, conta com apoio de algumas mães para montar um reforço escolar e vender coxinhas para ampliar a ação. “A gente já recebeu alguns livros. Já tenho até em mente como quero a decoração. Eles montando tudo com parte reciclada”, imagina. (Fonte: G1 CE)
Leirton projeta, a partir do segundo semestre, montar uma biblioteca. “Tem alunos no quinto ano que não sabem nem ler”, justifica. Por isso, conta com apoio de algumas mães para montar um reforço escolar e vender coxinhas para ampliar a ação. “A gente já recebeu alguns livros. Já tenho até em mente como quero a decoração. Eles montando tudo com parte reciclada”, imagina. (Fonte: G1 CE)
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