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FOTO: Marcelo Camargo |
Na
avaliação de Marcos Sá, contador e consultor financeiro, o eSocial trouxe
incongruência no cruzamento de informações vindas dos órgãos do Governo com o
do sistema. "O fim do programa é visto com bons olhos porque é um sistema
bastante complexo, que cruza a informações de diversos órgãos, então a
complexidade de informação é muito grande. Em alguns casos, uma divergência de
dados de um trabalhador causa problema nos cadastros", explica.
Ainda
de acordo com Sá, os empresários também consideram o sistema burocrático.
"Esses cadastros dos funcionários geram um transtorno para as empresas e
contadores. Os empresários não têm mais condições de fazer admissões com datas
acumulativas ou avisos prévios com retroativos, que hoje não são aceitos pelo
programa. Então, alguns empresários sentem resistência por parte disso. Apesar
de bastante difundido, ainda tem muita gente que tem dificuldade de se
acostumar com o programa", diz.
Contudo,
para Reginaldo Aguiar, economista do Departamento Intersindical de Estatística
e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o fim do eSocial indica um retrocesso no
cumprimento de leis trabalhistas, que passaram a ser mais respeitadas por parte
das empresas, já que o sistema computa todos os dados do trabalhador.
"Muitos
funcionários trabalham mais que a carga horária permitida, fazendo horas
extras. Agora, em certas atividades, isso não é mais possível porque tudo é
registrado no sistema. No antigo, essa prática era bastante comum. Os
empresários estão descontentes porque não estão mais podendo burlar leis
trabalhistas", afirma Aguiar.
Novo
programa
No
lugar do eSocial, serão criados dois sistemas separados - um para informações
trabalhistas e previdenciárias e outro para dados tributários. Apesar disso, o
Governo argumenta que os dois programas serão menos burocráticos e trarão até
50% menos exigências que o modelo atual.
Questionado
sobre o que se esperar do novo sistema, Sá concorda com a nova proposta do
Governo. "Primeiramente, esperamos que o Governo unifique todos os
cadastros. Cada órgão tem o seu cadastro e isso dificulta muito. Atualmente,
todas essas informações desses órgãos são cruzadas, e quando há incongruência,
o sistema não valida o cadastro do trabalhador. A simplificação seria mais
fácil para as empresas", comenta.
Em
contrapartida, o economista do Dieese afirma que a pressão dos empresários no
Governo resultará em um novo sistema mais flexível em sonegar informações.
"O eSocial, que não chegou nem a ser implementado direito e já querem
mudar, vai ser substituído por algo para permitir e abrandar fraudes",
afirma. (Diário do
Nordeste)
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