O juiz Sergio Moro teria
orientado integrantes da força-tarefa
da Operação Lava Jato a divulgar informações sigilosas
ligadas a atos de corrupção envolvendo o regime do presidente da Venezuela
Nicolás Maduro. O fato teria acontecido em agosto de 2017 e foi divulgado neste
domingo, 8, pela Folha de S. Paulo em mais uma série de trechos de conversas do
ministro vazadas pelo site The Intercept Brasil.
Conforme
as mensagens, a Procuradoria-Geral da República e a força-tarefa de Curitiba
mantiveram contato com procuradores venezuelanos que estavam sendo perseguidos
pelo ditador com o intuito de receber mais informações sobre o fato. Além
disso, eles também investigaram as contas utilizadas pela Odebrecht para
pagamento de suborno as autoridades do regime na Suíça.
"Talvez
seja o caso tornar pública a delação dá Odebrecht sobre propinas na Venezuela.
Isso está aqui ou na PGR?", escreveu o juiz em diálogo com o cornador da
Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, em um dos trechos vazados.
"Haverá
críticas e um preço, mas vale pagar para expor e contribuir com os
venezuelanos", respondeu Dallagnol.
Em
2016, os diretores da Odebrecht assumiram ter feito pagamento de suborno com o
objetivo de fechar parcerias comerciais com 11 países, incluindo a Venezuela.
Contudo, o Supremo Tribunal Federal (STF) ordenou que todas as informações
existentes na delação fossem mantidas em segredo.
Apesar
do receio do coordenador da força-tarefa, o ministro reforça que aquela seria
ação mais viável no momento. "Tinha pensado inicialmente em tornar
público. Acusação daí vocês tem que estudar viabilidade", escreveu.
"Não
dá pra tornar público porque simplesmente violaria o acordo, mas dá pra enviar
informação espontânea e isso torna provável que, em algum lugar no caminho,
alguém possa tornar público", explicou o procurador.
Dias
depois do diálogo entre Moro e o coordenador, membros da operação se mostraram
preocupados com as consequências que a ordem do juiz poderia trazer,
principalmente a brasileiros que habitam no país venezuelano. "Vejam que
uma guerra civil lá é possível e qualquer ação nossa pode levar a mais convulsão
social e mais mortes", disse Paulo Gadão. "Imagina se ajuizamos e o
maluco manda prender todos os brasileiros no território venezuelano",
complementou Athayde Ribeiro Costa.
Tetando
acalmar os colegas, Dallagnol afirma: "Quanto ao risco, é algo que cabe aos
cidadãos venezuelanos ponderarem. Eles têm o direito de se insurgirem". (O Povo)
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