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FOTO: HONÓRIO BARBOSA
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O
cultivo de camarão no Ceará tem predominância na faixa litorânea. No entanto,
atualmente, passa por um processo migratório rumo ao interior. A explicação é
devido à implantação de tanques de produção, que tem ganhado força no sertão,
somado a projetos que incentivam a criação do crustáceo. Na região Centro-Sul,
um desses programas é o "Camarão de Iguatu", lançado em abril passado
pela Secretaria de Agricultura e Pecuária do Município.
O
projeto conseguiu, em pouco mais de um ano e meio, despertar o interesse de
produtores locais e, assim, impulsionar a criação em cativeiro do crustáceo que
até o início do ano passado era bastante reduzida - apenas dois produtores
atuavam na cidade, com menos de 5 toneladas produzidas por trimestre.
Além
de fomentar a atividade da carcinicultura em Iguatu, o programa oferece, aos
produtores rurais interessados em migrar de atividade, assistência técnica,
elaboração de projetos e encaminhamentos de pedidos de licença na Semace e na
Cogerh. "Temos um cadastro de 26 produtores interessados", relata
Murilo Barroso, coordenador do programa. Os planos para o futuro são audaciosos,
segundo ele. "Já no próximo ano, queremos ser um dos maiores produtores do
Estado, com 30 hectares implantados e uma renda em torno de R$ 6 milhões",
estima.
Atualmente,
são cerca de cinco hectares implantados em tanques de cultivo de camarão. Esse
quantitativo foi responsável por produzir, somente no primeiro semestre deste
ano, 70 toneladas de camarão em Iguatu, o que representa o dobro do que fora
registrado nos últimos seis meses de 2018.
O
resultado exitoso estimulou produtores de outras cidades. Além de Iguatu, já há
experimentos em Jucás, Orós e Quixelô. "Há uma forte tendência de
interiorização de criatórios que antes estavam limitados à faixa
litorânea", observou o secretário de Agricultura e Pecuária, Edmilson
Rodrigues.
Ele
destaca que uma das vantagens dos criatórios no interior é a ausência da
"mancha branca", uma doença causada por vírus que vem afetando a
produção do crustáceo no Ceará. "Aqui não existe isso", pontua
Rodrigues. Diante do cenário hídrico desfavorável, que acarreta baixa na colheita
e dificuldade na manutenção de rebanhos, a carcinicultura se apresenta
lucrativa.
Retorno
financeiro
Nos
últimos três meses, em apenas duas unidades produtivas, foram comercializados
4.500 quilos, o que equivale a R$ 85 mil - com lucro líquido de R$ 49 mil. O
montante, segundo técnicos da Ematerce, é superior a tradicionais atividades
agropecuárias, como criação de bovinos, produção de leite e plantio de grãos e
frutíferas.
O
investimento para implantação de um criatório é variável, dependendo das condições
do terreno e acesso à água. "É uma cultura que não precisa de muita água.
O geólogo indica o local onde o poço pode ser perfurado e ele mesmo abastece
esses viveiros", esclarece o produtor Charles Andrade.
Quase
toda a produção de Iguatu é destinada para a indústria de beneficiamento do
crustáceo. Apenas 10% são comercializados para restaurantes locais. "A
venda no varejo alcança melhor valor, mas exige maior logística de distribuição
e comercialização e demanda maior tempo de ocupação dos empreendedores",
ressalta Barroso.
(Diário do Nordeste)
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