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FOTO: HELENE SANTOS |
O
advogado da defesa de Hilson, Leandro Vasques, diz que respeita a mudança de
posição da 3ª Câmara Criminal e garantiu que vai recorrer ao Superior Tribunal
de Justiça.
"Respeitamos
a mudança de posição na votação da colenda 3ª Câmara Criminal, que
por dois votos a um revela a ausência de consenso quanto à necessidade da
prisão do paciente Hilson Paiva e iremos recorrer ao Superior Tribunal de
Justiça após a publicação da decisão no Diário da Justiça".
José
Hilson é acusado pelo crime de estupro de vulnerável. Conforme denúncia
do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), ele filmava as consultas
médicas e abusava sexualmente das pacientes. Mais de 60 vídeos mostram
cenas dos abusos praticados contra, pelo menos, 23 mulheres diferentes.
Os
crimes aconteciam desde a década de 1980, na cidade de Cruz, Interior do Ceará.
Ele está preso desde o dia 19 julho, depois de ser afastado da Prefeitura de
Uruburetama e impedido de exercer a profissão de médico pelo Conselho Federal
de Medicina.
A
Defensoria Pública do Estado do Ceará afirmou que a decisão do Tribunal de
Justiça foi um resultado muito importante para as mulheres. Jeritza Lopes,
defensora pública que atua no Núcleo de Enfrentamento à Violência Contra a
Mulher (Nudem), esclareceu que Defensoria Pública e o Ministério Público do
Estado do Ceará (MPCE) estão fazendo um trabalho de busca ativa para convencer
as mulheres a denunciar e a não ter medo.
“A
gente sabe que ele (prefeito afastado) é um homem de fortes influências
políticas e a soltura dele iria inibir todo o trabalho articulado que a comitiva
vem fazendo. Ele ameaça as vítimas, inclusive, algumas autoridades. Ele, solto,
iria inibir qualquer atitude de denúncia.”
A
advogada Márcia Vieira, integrante da Comissão da Mulher Advogada
(CMA), da Ordem dos Advogados do Brasil - Secção Ceará (OAB-CE), disse
que não há o que comemorar, mas tem a certeza de que a negação ao pedido de
habeas corpus é uma forma de manter a possibilidade de um processo mais justo.
“É uma forma de mostrar para a sociedade que não estamos condenando ninguém
previamente, mas que sabemos, também, da importância que o caso requer e que
seja feita a Justiça, não só pela condenação, mas em respeito à mulher, a sua
dignidade e a vulnerabilidade das suas vítimas.”
Duas
das mulheres que denunciaram abusos sofridos pelo prefeito afastado de
Uruburetama falaram sobre o caso. Uma delas relatou como se sentiu em relação a
decisão da permanência do suspeito na prisão: “Pra mim foi um alívio muito
grande, estava muito preocupada com a soltura desse homem. Graças a Deus a
Justiça de Deus foi feita e a dos homens também. Sempre confiei na na Justiça.
Ele tem que pagar pelos crimes que cometeu. Não é justo a gente passar 30 anos,
acontecer tudo o que aconteceu e ele passar só dois meses na cadeia. Seria um
tapa na cara das vítimas”.
Sobre
a decisão do desembargador, que mudou o posicionamento anterior e votou pela
manutenção da prisão, ela disse que vê tal ação como o cumprimento da Justiça.
E deseja que isto sirva como exemplo para “criminosos de colarinho branco e que
têm poder”.
A
outra vítima afirmou se sentir muito grata pela manutenção da prisão do
prefeito afastado: “Depois de tudo o que a gente fez, tudo que a gente passou e
a Justiça ia soltar ele? Que Justiça era essa? Obrigado por ele permanecer
preso. Que ele pague pelo o que eu estou passando. Que ele pague e fique anos e
anos preso. Espero que a Justiça seja feita. Estou muito aliviada. Tinha que
ele medo dele ser solto e os aliados dele tentarem fazer alguma coisa com a
gente".
(Diário do Nordeste)
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