FOTOS: ANTONIO RODRIGUES
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No
interior do Estado, os episódios também acontecem com frequência nas cidades de
Sobral, Crato e Juazeiro do Norte, locais que dispõem de Veículo Leve sobre
Trilhos (VLT). Em pouco mais de um mês (entre os dias 5 de junho a 22 de
julho), houve dois acidentes com VLT do Cariri, deixando quatro pessoas
feridas. E esses casos passaram a preocupar os usuários.
"Fiquei
assustada com as imagens (do acidente)", pontua a estudante Aline
Oliveira. O aposentado Francisco Calixto, residente na comunidade do Gesso, no
Crato, encorpa o discurso. "Os mais antigos, que moram aqui há muito
tempo, já viram até trem descarrilhar. Ficamos com medo que tenha uma tragédia
e, Deus me livre, acabe pegando uma criança".
Apesar
do temor de alguns, a Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos
(Metrofor), empresa responsável por gerir os VLTs do interior, classificou os
acidentes no Cariri como "casos isolados", e garantiu que "não
há registros recorrentes, anteriores ou posteriores a eles".
A
Companhia acrescentou ainda que, ao apurar os incidentes, não detectou problemas
mecânicos nos trens. No entanto, houve confirmação de falha humana. Como
resposta, a Metrofor informa que foram realizados novos treinamentos com os
operadores envolvidos.
A
manutenção dos trilhos e máquinas é outra questão debatida entre usuários. A
discussão foi intensificada nesta semana após fotos de grampos soltos na via
férrea circularem nas redes sociais. Essas peças são responsáveis por prender o
trilho ao suporte de madeira.
Medidas
A
Metrofor informa que possui equipes especializadas nas manutenções corretivas e
preventivas nos VLTs do Cariri e de Sobral. "Os profissionais atuam para
manter o bom funcionamento de trens, estações e da via permanente, no caso, os
trilhos". São 21 pessoas trabalhando no Sul do Estado, e 19 na principal cidade
da região Norte, atuando apenas nas conservações.
"Nas
vias, são observadas preventivamente, por exemplo, a situação dos trilhos e dos
dormentes em toda a extensão da linha, além da limpeza das vias, para que não
haja acúmulo de lixo ou de vegetação. Nos trens, a lubrificação do motor,
frenagem, sistema de portas, buzina e sistema pneumático também são itens
monitorados com regularidade", explicou, em nota, a Metrofor. Um Pátio de
Manutenções, instalado no meio do trajeto, concentra peças e equipamentos necessários
para a execução dos serviços.
Dependendo
dos manuais de operação e manutenção de cada sistema ou equipamentos que levam
em conta, por exemplo, o tempo de serviço e quilômetros rodados, as
verificações são semanais ou até diárias. Já as ações corretivas acontecem de
acordo com a necessidade, a partir do momento em que é realizada uma
notificação.
A
empresa também explica que, para reforçar os cuidados preventivos, antes do
início da operação com passageiros é realizada, nos dois sistemas, uma viagem
de inspeção sem passageiros. Nela, é verificada, por segurança, o funcionamento
regular dos veículos e equipamentos que devem operar para o início das viagens
com seus usuários.
Imprudência
Em
Sobral, os acidentes acontecem, geralmente, por conta do avanço de veículos, na
maioria motociclistas, que não respeitam a sinalização e acabam sendo atingidos
pelo VLT ao tentar ultrapassar a linha férrea. De acordo com a Metrofor, até
2017, foram registrados, em média, dois casos por mês por causa da imprudência
dos motoristas. Boa parte foi de abalroamentos leves, sem gravidade e sem
ocasionar despesas com indenizações para a empresa.
Na
cidade, o último acidente aconteceu no dia 31 de maio deste ano, quando uma
caminhonete foi atingida após o motorista não respeitar a sinalização de
trânsito e frear muito próximo ao trilho. Apesar do susto, o condutor não teve
ferimentos. No local, há uma cancela que indica quando o VLT está se
aproximando, no entanto, os veículos atravessam no espaço livre.
Alternativa
Mesmo
diante das queixas, os usuários deste modal ainda o avaliam como boa
alternativa para locomoção. "É mais confortável, barato e menos
quente", ressaltou Aline Oliveira.
Ela
não é uma exceção. Prestes a completar uma década de funcionamento no próximo
dia 1º de dezembro, o VLT do Cariri transporta, todos os dias, 1,3 mil pessoas.
São 13,6 quilômetros de extensão entre nove estações, integrando os municípios
de Crato e Juazeiro do Norte, num trajeto que dura 35 minutos. No Cariri, a
capacidade do VLT é de até 330 passageiros. As tarifas custam R$ 1 (inteira) e
R$ 0,50 (meia). Sua implementação custou quase R$ 26 milhões ao Governo do
Estado.
O
VLT de Sobral, no Norte do Estado, também apresenta boa procura. O equipamento
teve aumento de 374% no número de passageiros transportados em 2018 na
comparação com 2017, quando 362,3 mil passageiros usaram os trens. No ano
passado foram 1,3 milhão de usuários. Os números de 2019 serão consolidados no
início do próximo ano.
Em
Sobral, a operação é em horário integral, atendendo nos três turnos, no período
de 5h30 às 23h. Assim como em Juazeiro do Norte, a tarifa também custa R$ 1,
com 50% de desconto para estudantes. (Diário do Nordeste)
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