Polo gesseiro de Araripina. FOTO: Wagner Sarmento
A crise do coronavírus derrubou em 80% as vendas do polo gesseiro do Sertão do Araripe. A região é a maior produtora de gesso do Brasil. A situação se reflete nos empregos: muitas demissões começaram a acontecer, segundo o Sindicato das Indústrias de Gesso do Estado de Pernambuco (Sindusgesso). 

O polo é responsável por 95% do gesso consumido em todo o Brasil, sendo a maioria das jazidas localizadas em Araripina, Ipubi e Trindade e fazendo de Pernambuco o maior produtor do país, com reservas de gipsita que chegam aos 2,8 milhões de toneladas. 

A queda é reflexo da paralisação do setor de construção civil. Sem mercado consumidor, nem mesmo as linhas de crédito atendem aos empresários, que temem se endividar sem perspectiva de demanda a curto prazo. São cerca de 100 empresas que empregam diretamente 2,5 mil funcionários, e outros 10 mil indiretamente, em atividades que envolvem calcinação, produção de pré-moldados e mineração. 

As estimativas da presidente do Sindugesso, Ceissa Campos Costa, apontam para redução de mais de 50% da mão de obra. “Menos de 10% das empresas continuem em funcionamento”, diz. 

O polo gesseiro, vinha numa escalda de retomada de sua atividade econômica, com as sinalizações de aquecimento na construção civil. Localizado no Araripe Pernambucano, abastece especialmente os mercados do Sul e Sudeste brasileiro. 

“A pauta das empresas mudou radicalmente em menos de dois meses”, diz Francisco Alves, diretor regional da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (FIEPE) no Araripe. Agora, segundo ele, o foco tem sido trabalhar as demandas para que as empresas, especialmente, as micro e pequenas, tenham condições de atravessar este momento de dificuldade. 

Entre os principais pelitos junto ao governo federal e à Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) está a não cobrança da demanda contratada de energia – valor fixo na conta de energia que, independentemente do consumo, tem que ser pago. E ao Governo de Pernambuco, o setor solicitou isenção nas taxas da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) e a prorrogação nos vencimentos das Licenças de Operação. “Junto às prefeituras das cidades do polo gesseiro, o pedido é de parcelamento dos impostos municipais para que as empresas tenham acesso às Certidões Negativas de Débito” explica a presidente do Sindusgesso. 

Ceissa Costa diz que ainda não é possível estimar o prejuízo que o setor vai ter com a pandemia. “A construção civil possivelmente será uma das últimas atividades a se reerguer e, nós, do polo gesseiro, dependemos dela para produzir e vender. Com este cenário desenhado, muitas empresas vão parar sua produção e empregos serão perdidos, causando mais problemas sociais em uma região que tem a indústria do gesso como sua principal força econômica”, lamentou.                    (CBN Recife)

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