FOTO: Ilustrativa
Após sete dias internado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Bom Jardim, à espera de um leito de UTI, o idoso Ivanildo Vieira Damasceno, 66, faleceu, neste domingo (3), com suspeita de Covid-19. A informação foi confirmada pela nora do paciente, Leidiane Gonçalves, 32. 

“Aquela UPA está um caos. Ontem, morreram 12 pessoas. Hoje, 14”, desabafou a familiar ao Diário do Nordeste. Procurada, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que dados sobre quantidade de óbitos são fornecidos apenas pelo Governo do Estado, de forma centralizada, e que informações sobre espera de leitos e óbitos de pacientes só são repassadas a familiares.

A nora do idoso relata que, durante o período em que esperava pela vaga, a família visitava o local todos os dias em busca de atualizações sobre o quadro do paciente, sem respostas. Mesmo intubado e em estado grave, Ivanildo não conseguiu ser transferido para um hospital de referência no tratamento do novo coronavírus. A família ainda aguarda resultado do exame para confirmar ou não a infecção. 

“A gente tentou de tudo, tudo que você possa imaginar. A resposta era sempre não. Eles dizem que não está 100% ocupado, mas passamos seis dias esperando”, relata a nora, porta-voz da família, já que os filhos e a esposa de Ivanildo estão abalados com a situação. Para eles, a rotina árdua de visitas à UPA, ligações para órgãos de saúde e busca pelo leito teve o pior desfecho possível. 

Leidiane conta que, nessa sexta-feira (1º), passou pelo menos 9 horas esperando, na frente da UPA, para conseguir um relatório médico. O documento era o último necessário para entrar com pedido judicial por uma vaga de UTI para o sogro. Mesmo assim, saiu de lá de mãos vazias. No sábado (2), na visita para pedir o relatório pela quarta vez, Leidiane foi informada de que a UPA estaria fechada. 

“Os médicos falam que tudo que podem fazer é cuidar dos nossos familiares. Eles disseram que aquilo do sistema entrar em colapso já está acontecendo”, diz. 

Central 
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) explicou que, devido o fluxo de pacientes ser muito grande, a comunicação entre equipe médica e familiares de paciente passa por dificuldades. Nos próximos dias, a Pasta afirma que deve implantar uma central de comunicação para facilitar a troca de informações sobre o estado de saúde dos internados. Em nota, o órgão diz que a transferência de pacientes para leitos é feita pela Central de Regulação de Leitos do Município, mas não informa o tempo médio de espera ou os critérios de prioridade. 

A taxa de ocupação das UPAs, segundo a SMS, é de 98%. Foram anunciados, nesse sábado (2), mais 30 leitos para as unidades do Bom Jardim, Vila Velha e Edson Queiroz, sendo 10 para cada. A entrega deve acontecer durante esta semana, de acordo com o prefeito Roberto Cláudio. Em entrevista coletiva na sexta-feira, o governador Camilo Santana pontuou que a velocidade de contágio faz com que o número de casos cresça acima da capacidade de atendimento da rede de saúde.                              (Diário do Nordeste)

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