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O Açude Orós acumula atualmente 27,1%. Em 2017, ele esteve praticamente com volume morto. FOTO: Honório Barbosa |
Em comparação com o período entre 2000 e 2020 – uma série de 21 anos – o aporte observado neste ano é o quinto melhor. Em ordem crescente estão as recargas de 2004, ano de grandes enchentes, (19,02 bilhões de m3); 2009 (15,03 bilhões de m3); 2008 (11,29 bilhões de m3); e 2011 (7,84 bilhões de metros cúbicos).
Na série histórica recortada, os piores cenários ocorreram em dois períodos seguidos: 2015 (0,75 bilhões de metros cúbicos) e 2016 (0,77 bilhões de metros cúbicos).
O secretário executivo da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), Aderilo Alcântara, ressalta que, embora a situação ainda não seja de conforto, garante maior segurança no abastecimento. Ele comemorou, também, a pouca distribuição nos aportes.
“Não foram apenas os reservatórios médios e grandes, estratégicos para o abastecimento humano e irrigação de culturas agrícolas temporárias, mas milhares de pequenos açudes estão cheios”, frisou.
A observação de Alcântara coincide com o relato do pequeno empresário Carlos Erick Vieira, que trabalha com roço de rodovias estaduais e federais em várias regiões do interior cearense. “Desde maio passado, por onde a gente anda vê a alegria dos agricultores, os açudes todos cheios e uma boa safra de milho e feijão”, contou.
Retomada
Segundo índices do Portal Hidrológico da Cogerh, entre 2012 e 2017 as reservas hídricas cearenses praticamente não tiveram recarga. Os índices acumulados na maioria dos açudes foram caindo a cada ano, seguidamente. O quadro, no entanto, iniciou uma retomada há dois anos.
“A partir de 2018 tivemos uma melhora nas reservas hídricas na região Norte do Estado, que se confirmou em 2019, e neste ano se generalizou em todas as regiões. Esperamos um ano ainda melhor em 2021”, detalhou Aderilo.
A retomada de água nos dois maiores açudes do Ceará – Castanhão e Orós – renova a esperança mesmo que parcial para a retomada da produção de tilápia em gaiolas e para a liberação de água para irrigação de culturas temporárias (milho, feijão, capim e sorgo), embora de forma reduzida.
Aportes
O Açude Orós, segundo maior do Estado, acumula atualmente 27,1% e o Castanhão, maior reservatório cearense, 15,7%. Em 2017, esses dois açudes estiveram praticamente com volume morto. Outro açude estratégico, o Trussu, em Iguatu, que chegou a menos de 2%, neste ano, saltou para 23,6%, acumulando uma reserva que assegura abastecimento das cidades de Iguatu e Acopiara por mais dois anos.
“Com exceção de Monsenhor Tabosa, outras 29 cidades que já estiveram em regime de contingenciamento no sistema de abastecimento, nesse período de crise hídrica que o Ceará enfrentou, estão com segurança hídrica de pelo menos um ano”, observa o diretor de Operações da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), Hélder Cortez.
Cinco maiores aportes: 1 Castanhão - 979,4 milhões m³
2 Araras - 540,5 milhões m³
3 Orós - 478,9 milhões m³
4 Arneiroz II - 165,1 milhões m³
5 Banabuiú - 153,4 milhões m³
Reservas gerais
A Cogerh registra atualmente 34,4% de aportes nos 155 açudes monitorados. O período entre 2011 e 2016 foi marcado por seguida redução das reservas de água: 2011 (84,2%); 2012 (62,3%); 2013 (40,7%); 2014 (29,2%); 2015 (17,3%) e 2016 (11,1%).
A partir de 2017, a curva torna-se ascendente: 2017 (12%); 2018 (16,2%); 2019 (20,9%) e 2020 (34,4%). (Diário do Nordeste)
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