FOTO: Helene Santos
A média mensal de internações por Covid-19 em UTI’s neonatais teve queda de 45% entre maio e julho no Ceará, conforme dados extraídos da plataforma IntegraSUS, gerenciada pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). Em maio, quando aconteceu o pico da doença, a taxa média de ocupação dos leitos era de 61,6%, enquanto em julho o número chegou a cair para 34,35%. 

Entre os dias 29 e 30 de abril – a informação sobre os leitos só consta a partir do dia 29 do mês de abril na plataforma IntegraSUS -, a média de ocupação entre recém-nascidos ficou em 33,9%. Já nos primeiros 20 dias de agosto, o valor chegou a 19,49%. 

Por outro lado, as médias das taxas de ocupação registradas nos leitos infantis foram de 41,84% em maio e de 45,2% em julho. A queda, portanto, foi de apenas 8%. Nos últimos dois dias do mês de abril, o valor médio registrado foi de 32,4%, enquanto nos primeiros 20 dias de agosto, está em 39%. 

Conforme a atualização do IntegraSUS desta sexta-feira (21), a taxa de ocupação de leitos infantis está em 22,22% e a de neonatais em 52,17%. O boletim aponta ainda que 19.325 crianças e adolescentes de até 19 anos já contraíram a doença e 58 chegaram a óbito. 

Complicações 
Embora crianças e adolescentes sem comorbidades não façam parte do grupo de risco da Covid-19, uma doença pós-infecção vem sendo observada no mundo todo. Só no Ceará já foram diagnosticadas 41 pessoas com a condição e dois óbitos até julho deste ano em 13 municípios, de acordo com nota técnica emitida no dia 7 de agosto pela Sesa. 

A nível nacional, os números de diagnósticos da Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica sobem para 117 casos e 9 óbitos. Os dados são do Ministério da Saúde. A doença já foi registrada também nos estados do Rio de Janeiro, Pará e Piauí. 

O infectologista pediátrico Robério Leite explica que, além de ser uma condição nova para a Medicina, a doença é desafiadora pois leva a um processo de inflamação em pequenas e médias artérias em vários locais do organismo, mas com predileção para o coração. “A partir disso, você pode ter um cenário de disfunção no coração, inclusive formação de aneurismas e trombos em coronárias que é uma coisa extremamente grave, fora o envolvimento de outros órgãos”. 

A síndrome pode ainda levar a uma queda de pressão arterial súbita e levar o paciente ao choque. De acordo com a Sesa, os sintomas mais comuns da doença são: febre, manchas avermelhadas na pele, dor abdominal, vômito, falta de ar, edema, conjuntivite, diarreia, tosse, dor muscular e dor de cabeça. 

“Felizmente, é uma condição ainda rara, precisa ter uma predisposição genética para ela se manifestar, não é para todo mundo ficar em pânico. Porém, é preciso ter muita atenção, pois é uma condição nova que pode passar despercebida pelos pais e profissionais de saúde, esse é um aspecto muito importante”, pontua o médico. 

Um boletim do Ministério da Saúde divulgado em 6 de agosto apontou que o Ceará lidera o número de casos no País até a semana epidemiológica 30. Dr. Robério, no entanto, afirma não haver uma explicação clara sobre esse destaque na manifestação, mas pontua a chegada precoce da onda da pandemia. 

“É uma síndrome que acontece de quatro a seis semanas depois da infecção, não é causada diretamente pelo SARS-Cov-2. Por isso, é provável que estejamos reportando mais precocemente os casos. O pico da Covid-19 aqui no Ceará foi em meados de maio e boa parte dos diagnósticos da síndrome foram notificados em junho e julho”, diz. 

Além disso, o infectologista também acrescenta o fato de o debate ter sido bastante amplo no Estado. “A atenção dos pediatras locais sobre essa condição, houve um debate bem amplo e, à medida que você amplia o conhecimento, você acaba notificando mais”. 

(Fonte: Diário do Nordeste)

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