Em Juazeiro, o Centro já atendeu, desde meados de junho, mais de 2.700 pacientes, ajudando a desafogar o HRC. FOTO: GEORGE MORAES

No ápice da pandemia, ofertar leitos exclusivos a pacientes infectados pela Covid-19 era o grande desafio. A demanda, por meses, foi além da oferta. Resultado: unidades hospitalares quase sempre lotadas. Para minimizar esse quadro, o Ministério da Saúde começou a habilitar, no fim de maio, Centros de Atendimento para Enfrentamento da Covid-19. 

No Ceará, atualmente são 109 funcionando em 95 municípios. Passado o pico da doença, os equipamentos seguem sendo considerados importante reforço, pois descentralizam os atendimentos e focam no atendimento precoce, evitando que o vírus volte a se espalhar com velocidade. Sayonara Cidade, presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Ceará (Cosems), explica que os serviços continuam conforme as necessidades dos municípios. Ela ressalta que, apesar da tendência de queda na curva epidemiológica, ainda é preciso suporte aos infectados. "Se só vou ter vacina para uma parte da população, a outra parte tem que receber esse tratamento", explica, observando que o reforço é essencial, principalmente, para desafogar a demanda das Unidades Básicas de Saúde (UBS). 

Esse "fôlego", abre, hoje, espaço para tratamento de outras enfermidades. Sayonara lembra que para um retorno gradual e seguro das atividades, é preciso que as unidades de saúde estejam preparadas. Ela explica que essa retomada da economia tende a aumentar o fluxo de pacientes nas UBS. "É fundamental (a manutenção dos Centro) para não termos pacientes com Covid-19 ou com suspeita sendo tratados no mesmo ambiente que os pacientes com outras enfermidades, o que pode causar a infecção cruzada". 

Funcionamento
Os Centros funcionam como estruturas auxiliares para identificação precoce dos casos da Covid e prestam atendimento às pessoas com síndrome gripal. Segundo o Ministério da Saúde (MS), que já investiu mais R$ 7,2 mi no programa, os equipamentos permitem "identificar e tratar os casos com sintomas leves de coronavírus", fazendo com que os demais serviços oferecidos nas unidades sejam mantidos. 

Em Cedro, o Centro, que funciona há dois meses, oferta consulta médica e de enfermagem, todos os dias, além de acompanhamento de fisioterapeuta e nutricionista. Esse é o padrão dos Centros tipo 1, cujo valor mensal de custeio, repassado pelo MS é de R$ 60 mil. A coordenadora Andréa Oliveira, acrescenta que o local oferta "coleta de swab, sorologia, assim como visita domiciliar". A unidade atende, em média, 145 pessoas por dia. A equipe é composta por 20 profissionais: médicos (8) enfermeiras (2), técnicos de enfermagem (3), auxiliar de serviços gerais (2), atendente (1), motoristas (2), fisioterapeuta (1) e nutricionista (1). 

Outra cidade beneficiada com o Centro é Juazeiro do Norte. O município é o segundo em número de casos (15.547), no Ceará, e chegou a ser o epicentro da doença. Ao contrário da unidade de Cedro, o Centro de Juazeiro é do tipo 2 e funciona para internamento hospitalar de baixa complexidade, com atendimento e acompanhamento médico, clínico geral, assistência de enfermagem e fisioterapia respiratória e motora. Sua capacidade de atendimento atual é de 30 pacientes diários com quadro clínico dentro do perfil da unidade Covid. 

"A demanda diária é imprevisível por depender das altas hospitalares referenciadas", pontua o diretor, George Moraes. 

O local, que se aproxima da marca dos 3 mil atendimentos, mantém uma equipe multidisciplinar de médicos (25), enfermeiros (10), técnicos de enfermagem (24), fisioterapeutas (6) e um farmacêutico, além dos serviços de apoio administrativo, nutricional e psicossocial. Esse quadro, assim como o de Cedro, é padrão para as demais cidades contempladas. "Garantimos a assistência de pacientes de média complexidade para que o Hospital Regional do Cariri (HRC) fique apenas com pacientes mais graves", pontua a secretária de Saúde do Município, Glauciane Torres. Hoje, dos 31 leitos de UTI no HRC, 28 estão ocupados. São esses números, que, na avaliação de Glauciane, corroboram para a importância dos Centros. 

O pintor Francisco José Lima, 54, ficou cinco dias internado no Centro de Juazeiro e, após a alta, reconheceu a importância do equipamento. "A situação (de Juazeiro) poderia ter sido pior, mas esse Centro e também o Hospital de Campanha conseguiram ajudar muitas pessoas".

(Fonte: Diário do Nordeste)

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