Foto: Marcello Casal

O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Danilo Dupas Ribeiro, informou, nesta quinta-feira (13), que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não será mais aplicado neste ano. As informações são do colunista Ancelmo Gois, do O Globo. 

Conforme a apuração do jornalista, Danilo teria comunicado aos membros do Conselho Nacional de Educação que a prova ocorrerá em janeiro ou fevereiro de 2022 sob a justificativa de falta de tempo e orçamento.

Por meio da assessoria de imprensa, o Inep negou o adiamento do Enem e enviou à reportagem do G1 um áudio que seria do presidente do órgão durante a reunião citada. Voz atribuída a Dupas Ribeiro afirma que o "Enem está em processo de planejamento".

Mensagem de voz ainda mostra Danilo comentando que o Inep está empenhado para que a prova ocorra esse ano, mas que não há como bater o martelo com datas.

Na quarta-feira (12), o Inep já havia publicado uma portaria na qual sinalizava que as metas para este ano não incluíam a aplicação do Enem. 


O documento informa que as metas foram elaboradas a partir da análise do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA). No texto, assinado por Danilo Dupa, a instituição cita o "planejamento e preparação técnica" para o Enem 2021, mas não menciona a aplicação do exame. 

PROVA DO ENEM 2020 SÓ OCORREU EM 2021
Devido ao avanço da pandemia da Covid-19, e em meio a constantes polêmicas e adiamentos, o Enem 2020 só foi realizado em 2021, nos últimos dias 17 e 24 de janeiro.

No Ceará, cerca de 320 mil candidatos se inscreveram para o exame, que foi marcado por preparação desigual de estudantes e consequências do novo coronavírus.

REPERCUSSÃO NO CEARÁ
A reportagem solicitou o posicionamento do Conselho Estadual de Educação do Ceará (CEE) sobre a possibilidade de não realização do Enem este ano.

Em resposta, o órgão informou que aguarda um posicionamento oficial do Ministério da Educação. A priori, foi planejada a discussão do tema na próxima semana pelo Conselho Pleno do CEE. Somente após avaliação do colegiado, o órgão deve emitir um parecer. 

A reportagem também procurou a Secretaria Estadual da Educação (Seduc) para se manifestar sobre o caso, mas ainda não obteve resposta.  

Para o especialista em Educação, Rogers Mendes, embora o Inep negue a não aplicação do exame em 2021, é “muito complicado” uma notícia como essa vir à tona neste momento, quando muitos alunos já driblam um maior nível de ansiedade por se preparar para o Enem em plena pandemia, ainda submetidos ao modelo de aulas remotas. 

“Já estamos em maio. A essa altura do campeonato, já daria para abrir as inscrições [para o Enem] e com datas para que as pessoas pudessem se organizar no tempo. Aí uma notícia como essa só [gera] tumulto”, avalia. 

INCERTEZAS E PREOCUPAÇÃO ELEVADAS
O especialista ressalta que quem sofre mais com o "disse-me-disse" é o aluno, que vê no Enem uma “luzinha no horizonte” em meio a tantas instabilidades, agravadas pela pandemia de Covid-19. E que, ao contrário do que se imaginava, perduram em 2021.

"Pra quem está se preparando [para o Enem], é terrível não ter um calendário definido. Não é fácil. É uma falta de ritmo grande porque, por mais que goste dos professores, das aulas, você fica sem clima. O que menos se precisa num momento tão dramático como esse é insegurança de data".

Em plena preparação para o vestibular, a estudante Laís Souza confirma que a notícia a "abalou muito", assim como os seus colegas de turma.  

"Foi uma notícia que aumentou ainda mais o nosso sentimento de insegurança e incerteza com relação ao futuro. Nós não temos certeza de como vai ser a aplicação, a dinâmica da prova, de como vai ser nosso ingresso nas universidades. Também é uma notícia que nos traz preocupação e medo, até porque os argumentos realizados pelo Inep foram em relação ao orçamento", diz, lembrando que a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) corre o risco de fechar também por falta de recursos.

Rogers Mendes também considera a suposta alegação de falta de orçamento preocupante. "Se não está [no orçamento] agora, em 2021, como você vai conseguir organizar isso logo no começo de 2022? Isso gera insegurança de até não ter Enem. Esse é o receio mais profundo".

Fonte: Diário do Nordeste

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