Fóssil do tapejarídeo que viveu na Bacia do Araripe, no Ceará, está de volta a um museu brasileiro. Foto: Reprodução/TV Globo |
O fóssil ultrapreservado de um pterossauro é o mais novo item do acervo do Museu de Ciências da Terra, na Urca, na Zona Sul do Rio.
O fragmento, da espécie Pteurosauria, veio da Bacia do Araripe, no Cariri cearense, mas precisou cruzar o Atlântico. Nos anos 1990, a peça foi parar ilegalmente na Bélgica e desde então estava no Instituto Real de Ciências Naturais, em Bruxelas.
O item foi repatriado na semana passada e vai poder ser visto pelo público em um mês.
Os pterossauros foram répteis que habitaram a Terra há milhões de anos e que evoluíram para ter grandes asas. Os maiores chegavam a ter mais de 12 metros de envergadura. Eles não são dinossauros — são parentes próximos.
De acordo com o coordenador do Laboratório de Paleontologia da Universidade Regional do Cariri (Urca), Álamo Saraiva, o crânio é de um tapejarídeo, um pterossauro que viveu entre 220 e 116 milhões de anos atrás.
Segundo Álamo, os tapejarídeos tinham uma crista grande, talvez bem colorida no alto da cabeça, e não possuíam dentes.
O paleontólogo Rafael Costa da Silva, do Serviço Geológico Brasileiro, afirmou que esse fóssil é “extremamente raro”.
“Os fósseis são restos de partes resistentes dos organismos, como ossos, dentes e conchas. Nesse caso, o que nós temos preservada é a crista. Parecia uma grande bandeira de pele, sustentada por ossos muito finos”, detalhou.
Técnica do bacalhau
Rafael disse que o fóssil ficou tão bem preservado como se fosse um bacalhau envolto no sal. “Provavelmente o lugar onde isso foi formado era um mar”, citou.
“Em alguns casos especiais, os restos do organismo podem ser incorporados a sedimentos de forma muito rápida. Com isso, você pode ter a preservação de partes moles como pelo e músculos”, explicou.
“É exatamente esse pedaço do fóssil que está preservado. Este tipo de preservação é raríssimo. É a pele deve que estar preservada em todas as características macroscópicas e microscópicas”, continuou.
Trinta anos até repatriação
Álamo estima que o fóssil saiu do Brasil nos anos 1990. “É um fóssil muito importante, é um crânio completo de um tapejarídeo. Esse material é importante pelo estado de preservação em que ele se encontra", explicou Álamo.
“Acreditamos que ele tivesse cerca de 4 a 5 metros de envergadura de asa. Deveria ser um ser muito elegante quando estava em voo", revela o especialista.
Em nota, o governo brasileiro agradeceu à Bélgica, e em especial ao Instituto Real de Ciências Naturais, pela cooperação para retorno do fóssil ao Brasil. A recuperação do fóssil foi coordenada pelo Ministério das Relações Exteriores, por meio da Embaixada do Brasil em Bruxelas e do Serviço Geológico Brasileiro.
Fonte: g1 RJ
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