A história de Telma Saraiva, fotógrafa e pintora que foi precursora na arte da fotografia pintada à mão, iniciando atuação na década de 40, na cidade de Crato, poderá ser conferida com a estreia do longa-metragem “Todas as Vidas de Telma”. O filme, que é de gênero documentário e conta com equipe de profissionais cearenses e com integrantes e moradores das cidades de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha, narra o encontro entre a vida e a obra da fotopintora. As primeiras exibições ocorrerão no Sesc Crato, com duas exibições nos dias 19 e 20 de maio de 2022, às 19h. Já no Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB) Cariri, em Juazeiro, a exibição está marcada para o dia 26 de maio, às 17h30.

Adriana Botelho, responsável pela direção e co-roteiro de “Todas as Vidas de Telma”, conta que o interesse por esta história surgiu quando viu algumas fotopinturas de Telma Saraiva na exposição ‘Busca’, com curadoria de Franklin Lacerda, no CCBNB - Fortaleza, em 2009. “Depois, já morando no Cariri, pude visitá-la e vi os autorretratos, em personas como atrizes de cinema, expostos na sua casa. Daí surgiram muitas perguntas, que resultaram em pesquisa no doutorado e no filme”, relembra.

Depois dos encontros com Telma, no ano de 2010, Adriana elaborou um roteiro para curta-metragem, que foi contemplado em edital da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult) de 2014. O roteiro estava construído com a participação de Telma, que faleceu em junho de 2015. Com o recurso financeiro, em que foi possível registrar algumas imagens documentais, foi construído um arquivo com imagens de Padre Ágio, músico e educador; de Madre Feitosa, educadora e professora de Telma; e de Abdon Alves, um dos últimos fotopintores tradicionais residentes no Juazeiro do Norte. O projeto fílmico foi, então, retomado no ano de 2017, quando foi selecionado pelo Laboratório de Audiovisual do Porto Iracema das Artes para desenvolvimento do roteiro de longa-metragem. Após isso, o projeto ganhou o suporte de editais como o de Apoio ao Audiovisual Cearense, financiado pela Secult, por meio do Fundo Estadual da Cultura, e o Edital Mecenas de 2021.

“Daí foi elaborado o roteiro de docuficção que gerou o documentário. O filme dá visibilidade ao relevante trabalho da fotógrafa Telma Saraiva, pelo uso da técnica de fotopintura, que trouxe cores às fotografias monocromáticas da época. Telma registrou em retratos, no Foto Saraiva, toda uma sociedade cearense de meados do século XX – políticos, religiosos, artistas, profissionais liberais, senhoras e seus filhos em festas e ritos sociais. Registros valiosos para a memória do país. Além de levantar questões sobre o feminino e os diálogos intergeracionais”, menciona a diretora.

Além de Adriana Botelho na direção e co-roteiro, o filme conta com produção executiva de Glícia Gadelha; co-roteiro de Reneude Andrade; direção de fotografia Ivo Lopes; edição de Frederico Benevides; direção de arte Rodrigo Frota e produção de arte Nayana Moura; entre outros nomes que compõem o time responsável por levar ao mundo a história de Telma Saraiva, também graças ao apoio de equipamentos e instituições que fomentam a Cultura. “O filme nos proporciona um sentimento de muita satisfação pelo percurso realizado e de fortalecimento cultural em tratar das histórias do Cariri cearense. Uma compreensão muito contundente, comprovada na realização do filme, de que narrar histórias sobre nós é uma ação de empoderamento coletivo e cultural fundamental, eu diria mesmo de sobrevivência, enquanto artistas e como povo”, enfatiza Adriana Botelho, ao deixar o convite para que assistam ao filme “Todas as Vidas de Telma”.

“O filme cumpre sua função primordial artística quando possibilita a troca da experiência fílmica com os espectadores, portanto aguardamos o público para as sessões de estreia. Também estaremos, a partir de maio, nas mídias digitais, no site www.todasasvidasdetelma.com e perfil no Instagram”, finaliza.

Fonte: Jornal do Cariri

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