O empresário Thiago Brennand Tavares da Silva Fernandes Vieira em imagem de arquivo. Foto: Reprodução/Instagram

14/10/2022

O empresário e herdeiro Thiago Antônio Brennand, réu após agredir uma modelo em São Paulo e preso nesta quinta-feira (13) pela Interpol nos Emirados Árabes, foi denunciado mais uma vez, nesta sexta, pelo Ministério Público de São Paulo.

Agora, o MP acusa Brennand de ter cometido outros nove crimes contra uma mulher que foi obrigada a tatuar as iniciais dele em Porto Feliz, interior de São Paulo.

Brennand está sendo denunciado por: estupro (cinco vezes), cárcere privado, tortura, lesão corporal de natureza gravíssima, coação no curso do processo, constrangimento ilegal (três vezes), ameaça (quatro vezes), registro não autorizado da intimidade sexual e divulgação de cena de estupro ou sexo (oito vezes).

A Promotoria de Porto Feliz ainda pediu à Justiça a decretação de nova prisão preventiva contra Thiago. A denúncia ainda precisa ser aceita pela Justiça para ele se tornar réu por esses crimes.

O g1 não conseguiu localizar a defesa de Thiago para comentar o assunto até a última atualização desta reportagem.

O tatuador que, a pedido de Brennand, colocou as iniciais dele na vítima foi denunciado pelos crimes de tortura e lesão corporal gravíssima, segundo o MP. O nome do profissional não foi divulgado.

Brennand foi preso pela Interpol após ficar foragido desde setembro. Ele virou réu por agressão após aparecer em um vídeo agredindo a modelo Helena Gomes em uma academia de São Paulo.

Brennand havia deixado o Brasil em 3 de setembro, poucos dias após reportagem do Fantástico revelar as agressões. Enquanto ele estava no exterior, se tornou réu por lesão corporal contra a mulher na academia e tentativa de feminicídio, além de corrupção de menores - por ter incentivado o filho adolescente a também ofender a vítima.

Em 9 de setembro, a Justiça deu prazo de 10 dias para Brennand retornar ao Brasil, mas ele não voltou. Em 27 de setembro, foi determinada a prisão dele por não ter se apresentando e não ter entregado o passaporte. Segundo sua defesa alegou à época, ele voltaria ao Brasil em 18 de outubro.

A prisão de Brennand se deu na capital dos Emirados Árabes, Abu Dhabi. De acordo com a PF, ele deverá permanecer na cidade aguardando os trâmites relativos ao processo de extradição para o Brasil.

A delegada Ivalda Oliveira Aleixo, da Divisão de Capturas do Departamento de Operação Policiais Estratégicas (Dope) da Polícia Civil de São Paulo, confirmou inicialmente ao g1 sobre a prisão do empresário. Ela informou que a PF cuidará da vinda dele para o Brasil.

Mais denúncias contra empresário
O caso de agressão, com as imagens de dentro da academia, foi revelado em agosto pelo Fantástico. Depois disso, novas denúncias com relatos de estupro, cárcere privado, agressões e ameaças a outras mulheres vieram à tona.

Brennand também enviou e-mails com intimidações para uma promotora e obrigou mulheres a tatuarem as iniciais do nome dele, "TFV".

O empresário não chegou a ser interrogado, mas a Justiça já havia proibido que ele frequentasse academias e se aproximasse de testemunhas do caso que foi exibido no Fantástico.

O Núcleo de Atendimento à Vítima de Violência (NAVV) do Ministério Público tinha começado a ouvir as 11 novas vítimas que acusam Brennand de crimes. Entre elas, estão nove mulheres que disseram ter sido estupradas por ele. Três falaram que ele as obrigou a tatuarem as iniciais dele em seus corpos.

Os casos teriam ocorrido entre 2021 e este ano em Porto Feliz, no interior paulista, onde o empresário tem residência num condomínio de alto padrão. As vítimas eram mulheres que o conheceram pelas redes sociais ou pessoalmente e tiveram algum contato ou relacionamento com ele.

Além das mulheres, ao menos dois homens acusam o empresário de agressões. Um foi um enfermeiro de um hospital na capital paulista, outro foi um garçom de um hotel em Porto Feliz.

Um vídeo obtido pelo g1 mostra a confusão. A vítima contou ao Fantástico que estava saindo de moto do trabalho quando cruzou com o carro do empresário, que o agrediu.

Desde o início da repercussão do caso, a defesa de Brennand tem negado as acusações de que o empresário agrediu a modelo Helena Gomes dentro da academia e de que incitou seu filho a xingar a aluna. Em entrevista ao Fantástico, o empresário chegou a alegar que fez "uso comedido da força" quando puxou os cabelos da aluna.

"O vídeo com a Helena, que é uma coisa onde você vê um camarada como eu fazendo uso comedido da força. Não há um tapa, não há uma lesão. A mulher não sofreu uma lesão. Colocaram uma foto de um chumaço de cabelo, uma pantomima. Um chumaço de cabelo. É evidente que o empurrão gerou nada. O que houve ali foi uma contenção e uma resposta certeira. E faria absolutamente tudo de novo", disse o empresário ao programa da TV Globo.

De acordo com a Justiça, a vítima passou a ser perseguida por Brennand depois que ele pediu o número do telefone dela na academia e a convidou para sair para jantar. Como ela não aceitou, o empresário a destratou e a agrediu.

“Neste momento, ele me deu um empurrão. Além dele empurrar daquela forma, ele foi falando vários palavrões”, contou a modelo também em entrevista ao Fantástico. “Ele falou: ‘Vou cuspir em você porque você merece’. E cuspiu em mim", contou a vítima.

Durante as investigações, a Polícia Civil apreendeu acessórios para armas de Brennand dentro de uma mala em um armário dele que fica no Centro Equestre do Condomínio Fazenda Boa Vista, em Porto Feliz.

Uma perícia irá apontar se os equipamentos estão legalizados. Logo após a operação, o Exército suspendeu o certificado de registro de CAC (sigla para colecionador de armas, atirador e caçador desportivo), que permitia a Thiago ser colecionador de armas.

Fonte: g1

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